Cassio Politi: O Think Tech está no ar. Meu nome é Cassio Politi e, junto com Algar Tech, nós vamos embarcar nessa jornada de repensar possibilidades. No episódio de hoje, a gente vai fazer uma imersão em tecnologia para empresas da área de saúde. Antes de chamar o nosso convidado, eu quero, como de praxe, bater um papo com minha companheira virtual de podcast, essa companheira tão especial que é a Sara. Ela fala direto do ambiente digital da Algar Tech, porque ela é a especialista virtual em negócios da empresa. Tudo bem com você, Sara?
Sara: Oi, Cassio. Tudo bem, sim. É muito bom estar novamente aqui no Think Tech.
Cassio Politi: É muito bom ter você aqui de novo, Sara. Você é uma companheira muito bem-vinda sempre no podcast Think Tech. O assunto de hoje é transformação digital na área de saúde. Se você pensar bem, vai perceber que a tecnologia está no dia a dia de todos nós quando a gente fala de saúde. Por exemplo, se a gente for fazer um exame ou se precisar de um atendimento no hospital, é muito comum ter uma boa experiência usando site ou app da empresa. Claro, nem todas são assim, mas eu posso dizer que já é muito comum ter essa experiência positiva. Ou seja, tecnologia já está bem ligada à área de saúde, não é?
Sara: Existe, sim, uma correlação total entre saúde e tecnologia em prol da experiência dos clientes. O relatório da International Data Corporation estima que os investimentos tecnológicos para a área de saúde devem chegam a 10 bilhões de reais em 2022. Isso somente na América Latina.
Cassio Politi: Isso é um indício de que a tecnologia é uma forma de gerar experiências melhores até naqueles momentos em que a gente precisa dos serviços de saúde.
Sara: Como a gente sempre menciona nos podcasts, tecnologia é meio, não é fim.
Cassio Politi: Legal, Sara. Para o bate-papo de hoje, eu tenho a grande satisfação de receber o Alex Vieira, que é CIO do HCor, uma referência na área de saúde que dispensa apresentações. Alex trabalha diretamente com elementos muito importantes para qualquer empresa que vem se modernizando continuamente, TI, transformação digital, e por aí vai. Alex, grande prazer em ter você aqui. Obrigado por aceitar o convite para o bate-papo.
Alex Vieira: Muito obrigado a vocês. Obrigado, Cassio, pelo convite. É um prazer poder participar com vocês desse bate-papo e poder contar um pouco do que a gente vem construindo durante a trajetória no HCor e falar um pouco também de outras coisas.
Cassio Politi: Eu não vou dar spoiler, mas quem está ouvindo fique até o fim porque quando você ouvir um pouco da trajetória, você vai gostar. Vou dar só um pequeno spoiler, só para prender a audiência. Alex é esse cara de TI que acabei de comentar e é dentista, só que ele virou dentista depois de TI. No final eu conto isso. Vou deixar todo mundo curioso de como um cara de TI vira dentista e não larga TI. É uma história que me impressiona. Mas vamos começar pelo começo. Você chegou ao HCor em um momento de transformação. A empresa teve por quase cinco décadas a mesma direção, caminhando em uma linha, de repente ela falou: “a gente precisa de algum jeito, dar um salto, um passo à frente”. Não que fosse uma empresa defasada, mas decide em algum momento dar um passo à frente. É nesse momento que você chega, Alex.
Alex Vieira: É isso mesmo. Eu cheguei no HCor em um momento realmente de transformação. Como você disse, a empresa passou cinco décadas praticamente com a mesma gestão, o mesmo CEO, dentro de uma toada que durante muitos anos o HCor se destacou como realmente uma referência, principalmente em cardiologia. A mudança veio no geral. Ela aconteceu um pouco antes do início da pandemia. Quando foi em novembro de 2019, o nosso CEO, o Fernando Torelly, assumiu o HCor com a missão de assumir a tradição, manter a cultura vencedora nos quesitos de assistência ao paciente, nos quesitos de cuidado e aproximação do paciente, que é o que nós temos de maior valor, esse cuidado próximo do paciente. Manter a cultura, mas levar o hospital para um nível mais elevado relacionado à transformação digital, transformação de processos, melhoria de toda uma questão predial do hospital, ter todo um retrofit hospitalar. Foi nesse sentido que ele veio com essa missão de modernizar o HCor sem que ele perdesse sua cultura de cuidado ao paciente. Fazendo a contextualização da minha chegada, nos últimos dez anos o HCor passou por muitas tentativas de mudança em tecnologia. No início de 2010, o HCor iniciou um projeto de transformação digital.
Cassio Politi: Já com esse nome?
Alex Vieira: Já com esse nome de transformação digital.
Cassio Politi: Estava atendo, estava de olho, porque transformação digital é uma pauta que veio depois disso. Em 2010 já estava falando disso no hospital, estava de olho nisso.
Alex Vieira: Sim, o mercado hospitalar estava muito quente essa questão de transformação. Na época eu trabalhava no Sírio-Libanês, e estávamos no modelo onde a gente optou de uma ERP hospitalar na época, uma ERP que estava em início de desenvolvimento, já estava consolidada em algumas clínicas menores, alguns hospitais menores, mas era algo muito novo. Até então todo hospital trabalhava com seus desenvolvimentos internos, trabalhava com pequenos softwares alocados em cada um dos setores, aquela questão desacoplada. Não tinha muito o conceito de ERP, que já era muito comum nas indústrias, muito comum no mercado financeiro. Os hospitais começaram o movimento nesses meandros de 2007 a 2010. O HCor começou com uma aposta de software novo, iniciou um projeto com uma empresa de software, que ficou durante oito anos fazendo esse desenvolvimento de software.
Cassio Politi: Era só ERP?
Alex Vieira: Isso, ERP com prontuário eletrônico do paciente acoplado. O HCor ficou dez anos nessa tentativa de implementação e não conseguiu fazer isso. Por N motivos, o HCor passou dez anos tentando se transformar digitalmente e não conseguiu avançar a infraestrutura de TI, não conseguiu avançar na melhoria dos seus processos de tecnologia, não conseguiu avançar na implementação de um prontuário eletrônico. A gente até brinca que nós temos o melhor ponto dos hospitais, a gente fica na esquina da Paulista, em frente ao Shopping Paulista, e nós éramos o único hospital que não tinha essa veia de transformação digital, essa veia digital. Quando eu fui convidado a vir para o HCor, foi justamente para criar esse conceito digital. Mais do que apenas fazer uma transformação técnica, fazer uma transformação de cultura digital para a instituição, que não tinha esse conceito. Nós começamos um trabalho em julho de 2020, em meio à pandemia. Eu troquei de empresa e vim para esse desafio de transformar o HCor digitalmente. Quando eu tive os briefings iniciais, eu imaginava algo que não era tão bom e eu precisaria transformar. Quando eu cheguei, eu vi que era pior do que eu imaginava. Tinha um ambiente totalmente catastrófico com relação a equipamentos, totalmente defasados. Eu tinha um ambiente onde não tinha time de TI. Tinha 30 pessoas no meu time de TI, sendo que o conceito de trabalho das pessoas era aquele conceito antigo de apenas ser o suporte, o cara que arruma o computador, troca o mouse. Nem era um help desk centralizado. Para você ter uma ideia, o ramal para ligar no help desk era 13. Primeira coisa que a gente teve que fazer é mudar esse número porque isso traz azar logo no começo. Tem até outro ponto que brinquei, vamos mudar também o nome do setor, não vai ser mais TI, TI o pessoal só liga para reclamar, nosso nome vai ser inteligência digital.
Cassio Politi: Ainda mais em hospital. TI fica perto de UTI.
Alex Vieira: Exato. Eu pensei isso, agora a gente vai ter que fazer uma mudança gigantesca. Não tinha time, não tinha equipamento e não tinha sistema. Eu montei uma estratégia, que apresentei para o nosso CEO e conselho. É uma mudança drástica na instituição, senão a gente não conseguiria fazer a transformação digital tão desejada pelo hospital. O hospital vinha buscando há muitos anos, investindo muito dinheiro. Nesses dez anos, a gente estima que o hospital investiu cerca de 200 milhões e não conseguiu fazer a transformação. Eu vim o desafio de fazer isso. Quando você começa a montar uma estratégia para transformar uma marca tão forte no mercado de saúde, uma marca de tanta tradição no mercado de saúde, tem que ter muito cuidado com os movimentos que você vai fazer. Qualquer coisa que você implante, qualquer coisa que você faça, pode atrapalhar outras estratégicas que a instituição tem para o futuro. Uma coisa que dificultou muito foi a pandemia. Não tinha contato com as pessoas, mas, por ser um hospital, tinha que estar aqui o tempo todo. Ao mesmo tempo, eu estava aprendendo a cultura da instituição, a sociedade passando por vários problemas relacionados à Covid, a gente tendo que enfrentar um hospital muito lotado por conta da Covid, eu tendo que fazer a transformação digital do hospital e construir todo um modelo de trabalho. Eu montei uma estratégia que eu dividi em quatro pedaços para apresentar para a instituição. Primeiro eu preciso ter a construção de um time, depois eu preciso fazer a infraestrutura do hospital, depois eu preciso fazer sistemas e governança, para depois a gente começar a fazer um modelo de busca de selos de acreditação e realmente chancelar todo o trabalho planejado. Meu CEO falou: “você tem carta branca para fazer o que achar que deve ser feito para melhor o nosso trabalho e realmente tirar a transformação digital do papel e colocá-la no ar. O único desafio que te dou é que seja realizado até o final do ano que vem”. Estou falando do final de 2021, este mês agora. Eu tinha a missão de transformar dez anos em um ano e meio, e no ano e meio ainda ter que construir uma equipe. Todos os profissionais de tecnologia sabem que hoje é muito difícil montar uma equipe de TI. A concorrência é muito grande, o mercado está muito aquecido. Em São Paulo a gente tem média de 40 mil vagas abertas só de tecnologia. Eu comecei a pensar no que é preciso, em como montar esse processo do time. Já tem orçamentos aprovados, agora preciso colocar a mão na massa. Eu comecei fazer um trabalho de buscar referências para os pontos que eu queria implementar dentro da instituição. Eu comecei no meu passado a buscar pessoas que tinham trabalhado comigo, pessoas que passaram, fizeram projetos comigo, que tinham sinergia não só de integra… pessoas que realmente tinham sinergia como o propósito que a gente estava implementando aqui. Foi engraçado. Geralmente a gente passa para o RH as contratações, mas eu sabia que, se passasse para o RH as contratações, levaria um tempo muito grande para isso.
Cassio Politi: Levaria tempo porque o RH é mais especializado em saúde?
Alex Vieira: Isso. Pense comigo. Um hospital o maior turnover é técnicos de enfermagens, enfermeiros, médicos. Então a especialização do RH é buscar esse tipo de profissional. Quando eu entro em uma empresa onde não existia TI… o RH não tem essa expertise de contratar os profissionais que eu preciso para fazer a transformação digital. Eu assumi isso para mim e comecei a buscar.
Cassio Politi: Só um detalhe, em um momento de apagão no mercado de TI. Não tem profissional fácil de TI hoje. A gente vê todas as empresas reclamando. Tem estatísticas aí que falam de 200 mil vagas abertas, coisa dessa ordem. Além de a especialidade do RH ser área de saúde, afinal é um hospital, você ainda enfrentava esse problema, não é?
Alex Vieira: E ainda a pandemia, ninguém querendo sair de casa. Era um momento bem controverso para fazer o que a gente estava fazendo. No meio dessa loucura eu assumi para mim esse momento de contratação. Falo que é engraçado porque geralmente, quando a gente vai fazer uma entrevista, a gente tem que se vender para a empresa. Eu montei uma apresentação sobre meu propósito na transformação digital, qual era o nosso cenário atual e o que estava buscando e quais eram as oportunidades que a pessoa ia ter com a gente.
Cassio Politi: Você vendia o hospital para o candidato.
Alex Vieira: Exatamente. Eu tentei contratar as pessoas através de uma estratégia de convencimento, de apresentação e venda do nosso propósito. Nisso, eu consegui construir uma equipe hoje de 120 pessoas. Eu tenho 114 colaboradores…
Cassio Politi: Quantas eram no começo?
Alex Vieira: Eram 30. Quadripliquei o time. Eu tenho 114 colaboradores CLT, mais seis colaboradores PJ. Isso fez com que a gente começasse a entender qual é o propósito, entender qual é o modelo, qual é o objetivo final, como a gente vai entregar tudo isso. Por isso gosto de falar para todo mundo que networking e fazer um bom trabalho por onde você passa é muito importante porque a gente nunca sabe quando vai precisar. De todas as pessoas que contratei, 40 pessoas já tinham trabalhado comigo, elas vieram acreditando em um propósito, em um trabalho, em um modelo de entrega. As pessoas que eles trouxeram acreditaram no trabalho deles. Então é muito importante para o profissional de tecnologia… não só o profissional de tecnologia, mas principalmente porque o mercado é muito restrito. Você fazendo um bom trabalho, criando um networking bacana, quando você precisa, realmente as pessoas compram o seu projeto, sua ideia. Depois de tempo recorde montar essa equipe em seis meses, eu comecei a estruturar todo o trabalho. Em janeiro de 2021, quando estava com a equipe toda pronta, todo o modelo montado, eu iniciei um assessment de infraestrutura. Contratamos uma consultoria para apoiar a gente nisso. Fizemos um assessment de infraestrutura onde encontramos diversas falhas, diversas oportunidades de implementação. Eu gosto de falar que a gente contratou uma consultoria porque parece poderia ter sido feito dentro de casa. Na verdade, nós fizemos, a consultoria vem para chancelar aquilo que a gente identificou para realmente validar. É aquele negócio, a gente não quer ter razão, quer ser feliz. Para ser feliz, a gente tem que ter essa dupla abordagem de entendimento. Mas vale a pena.
Cassio Politi: Para você, que é de TI, está claro que vale. Aliás, o podcast serve para isso. TI meio, não é fim. Você não está colocando TI lá só porque você gosta de TI. Você está colocando porque vê que tem um ganho para a empresa. Como você convence o board da empresa? Eles já estavam propensos a falar que estava legal, mas que iria custar um bom dinheiro? Teve que ter um trabalho de convencimento ou estava fácil de convencer para gastar um bom dinheiro nisso?
Alex Vieira: Nunca é fácil gastar 23 milhões. O valor todo do projeto. Qual foi minha estratégia? Primeiro, foi realmente chamar essa consultoria para apoiar a gente, para fazer esse levantamento, fazer esse apoio. Nós apresentamos nosso diagnóstico, o diagnóstico da consultoria. Eu fiz um trabalho corpo a corpo nas áreas, batendo foto, evidenciando data center. Então eu montei um trabalho de apresentação onde eu colocava: “isso é o que o mercado utiliza. Isso aqui é o que nós estamos utilizando hoje”. Foi um convencimento bem assertivo no modelo e como eu apresentei, como nós estamos. Eu fui o mais transparente possível com todos os problemas que nós tínhamos. Deixei claro que a gente precisava fazer esse investimento. Ou a gente fazia o investimento ou nós poderíamos parar por ali porque não iria adiantar dar continuidade a uma transformação digital, sem ter as estradas? Como eu vou caminhar com os projetos se eu não tiver o básico. Foi nessa linha de convencimento. O board da empresa acabou acreditando e investindo na nossa ideia. Após fazer esse assessment de infraestrutura, nós criamos um modelo de trabalho. Fizemos também um assessment de segurança da informação, onde de zero a dez pontos dentro da metodologia da consultoria, eles nos avaliaram com 14. Isso também foi um ponto crucial para que a gente pudesse acelerar esses investimentos. Para você ter uma ideia, a empresa acreditou tanto no nosso trabalho, acreditou tanto no modelo que a gente tentou implementar, que nada disso estava em orçamento. Foi aprovado tudo fora de orçamento. Vai muito da credibilidade que a gente passa para a instituição. É colocar em jogo sua carreira, tudo que você vem construindo até agora e falar: “vamos nessa linha que vai dar certo. Se for diferente disso, eu não garanto e a gente vai continuar patinando”. Então acreditaram e fizeram os investimentos.
Cassio Politi: Como mede resultado disso? Não sei se estou pulando alguma etapa. Internamente e externamente, como você chega lá e fala: “funcionou, valeu a pena”?
Cassio Politi: Nós chegamos lá. Quando a gente começa a fazer esses investimentos, ele é pulverizado por várias frentes. Para você ter uma ideia, eu saí de um time que não tinha organização para um time que eu crie com oito frentes. Hoje eu tenho uma gestão de sistemas, um gerente de infraestrutura, um gerente de sistemas de imagem, laboratorial, um gerente em desenvolvimento e banco de dados, hoje eu tenho um gerente de operações de TI, hoje eu tenho um gerente de governança e segurança da informação. Hoje eu tenho um escritório de projetos dentro da minha área. Tudo isso faz parte para que a gente comece a mensurar que esses investimentos realmente fizeram sentido. Quando eu falo do investimento de infraestrutura, eu estou falando de investimento em servidores, novos links, redes, disponibilidade de serviço, uma modernização de data center que me custou 7 milhões. Estou falando de uma modernização de redes de wi-fi, rede cabeada, que me custou mais 6 milhões e 800 mil. Nós saímos de um cenário onde nós tínhamos 40 antenas wi-fi em todo o complexo hospitalar, e chegamos hoje a 487 antenas. Tudo que a gente faz é voltado para o paciente, melhorar a experiência do paciente. Meu paciente antigamente vinha, ficava internado no hospital, não podia acessar o Netflix, tinha que usar o celular dele. Hoje todas as nossas TVs dentro dos quartos são smart TVs. Ele consegue acessar o Netflix, o Amazon Prime, consegue assistir ao Youtube, consegue fazer uma conferência de trabalho. Hoje eu tenho disponibilidade de wi-fi para todos pacientes e com velocidade três vezes maior que eu tinha antes.
Cassio Politi: Muda tudo porque é um momento difícil na vida de quem está lá. Quem teve a experiência de passar por isso, faz toda a diferença.
Alex Vieira: Eu falo isso porque eu vivi. No começo do ano, nós tínhamos acabado de implantar todo esse processo de redes. Tinha acabado de implementar os novos links de wi-fi, de internet para potencializar nosso wi-fi. Eu tive um problema de saúde, acabei ficando um dia em observação. Um dia. Fiquei internado. Comecei a ficar incomodado depois de um tempo. Comecei a assistir um seriado e fiquei mais tranquilo. Me veio esse pensamento do que você falou. Como era antes de ter isso? O paciente ficava totalmente isolado. Na pandemia, não podia receber visita. O cara não tem o mínimo, poder assistir um seriado que estava vendo na casa dele, não tem o mínimo, ter uma distração. A tecnologia não é só aplicada apenas para ter tecnologia e sim para gerar um maior conforto para o nosso paciente, para gerar uma maior… já que o cara obrigatoriamente vai estar aqui. Ele precisa estar aqui, que a gente tente minimizar esses problemas de saúde que ele tem, para poder dar um pouco mais de conforto para ele. Nossos investimentos foram visando isso. Nós fizemos todo esse investimento de modernização dos nossos data centers, modernização da nossa rede, isso a gente já começou a fazer a coleta de indicadores, começamos a coletar indicadores de velocidade, de acesso de pacientes à internet, nosso NPS começou a melhorar. Era um ponto de reclamação dos pacientes, hoje já não é mais. Aí nós passamos, construímos a equipe, montamos a infraestrutura, passamos a partir disso à construção de uma informatização na instituição. Todo aquele cenário, nós começamos a fazer.
Cassio Politi: Informatização da instituição significa o quê? Os processos internos…
Alex Vieira: …isso, tudo.
Cassio Politi: Trocar a prancheta por um tablet?
Alex Vieira: Isso. É sair do papel, é o médico parar de fazer a prescrição dele em papel, pedido para a farmácia ser em papel. Tudo isso integrado e gerar mais segurança ao paciente. O fato é que o papel é presencial. O sistema é onipresente. Você pode ter acesso àquele dado em qualquer lugar da instituição, você pode apoiar o paciente, você consegue criar inteligência para apoiar a decisão clínica.
Cassio Politi: Você levanta dados depois e o vento não leva uma folha digital embora.
Alex Vieira: A gente viu que a última vez que o hospital tinha comprado computadores tinha sido em 2009. Nós tínhamos um parque de computadores totalmente defasado. Nós fizemos um investimento e trocamos 2 mil e 200 máquinas da instituição, trocamos praticamente o parque inteiro de computados para que a gente iniciasse todo o processo de informatização. Nesse processo, nós também criamos uma equipe interna especializada no ERP e no sistema de prontuário eletrônico que nós adotamos e começamos essa implantação, iniciamos em janeiro. Em dezembro de 2021, nós finalizamos essa implantação, estamos no final da operação assistida de toda a instituição, complementando 100% de informatização do HCor. Hoje é um hospital 100% informatizado. Nessa jornada toda, nós fomos aproveitando essas construções e fomos criando nossos indicadores. Hoje eu consigo medir quantas prescrições eu tenho, qual é minha média de medicação prescrita, qual é minha média de atendimento de pacientes. Eu consigo saber o tempo que cada paciente fica dentro do hospital. Eu consegui digitalizar o cardápio desse paciente, dar mais conforto para o paciente escolher qual é a dieta que ele quer fazer, de acordo com que médio descreveu. Eu consigo dar mais agilidade dentro do processo como um todo. Um ponto muito importante que nós começamos a desenvolver também foram os aplicativos. Já que nós conseguimos criar essa base de prontuário, de informatização, a gente começou a criar uma camada acima agora. Nós entregamos recentemente, no começo de dezembro de 2021, o aplicativo do paciente, o aplicativo do médico foi entregue em novembro de 21. A gente começou a participar do jogo que o mercado já estava participando. Foi realmente uma transformação gigantesca nesse contexto. Tudo isso acabou sendo transformado junto com a instituição. Quando eu te falei no início que a ideia era realmente transformar digitalmente o hospital, transformar infraestrutura, colocar processos informatizados, colocar o digital dentro do hospital, esse foi o primeiro passo. Mas o passo mais importante que nós fizemos foi a aculturação da instituição de forma digital. Demora para convencer o board da empresa, mas são coisas que o dinheiro compra. Eu compro tecnologia, sistema, equipamento. Se eu tiver técnico, eu implemento tudo isso. O soft skill, que dificilmente as áreas de TI conseguem implementar, nós conseguimos implementar no HCor, que par mim é o maior ganho que nós tivemos na instituição. Hoje nós conseguimos criar um modelo onde a gente tem excelente comunicação com a instituição. Nós temos proximidade de todos os colaboradores. Nós criamos um modelo de treinamento dos colaboradores. Nós criamos um modelo de apresentação do que é segurança da informação. Nós colocamos um modelo onde todos os colaboradores passam por treinamentos, participam da TI. O conceito que eu tento vender para a empresa como um todo é que nem todo mundo é mecânico, mas todo mundo conhece um pouco de carro. Eu acho que todos os colaboradores de um hospital, por mais que não sejam profissionais de TI, têm que conhecer um pouco de TI para que possam apoiar o time de tecnologia a melhorar os processos, a melhorar os sistemas, a melhorar a infraestrutura. Eu acho que tudo isso é um conceito que a instituição deve ter. Amarrado a isso também, eu criei dentro do HCor a semana de inteligência digital, onde eu trago fornecedores para dentro do hospital, eu trago cases para dentro do hospital. É um simpósio de uma semana onde nós apresentamos diversos cases, fazemos várias apresentações para a instituição inteira, justamente para criar essa cultura digital no hospital. Isso é algo que vem transformado a nossa empresa. Para você ter uma ideia, quando eu implementei meu service desk, mudou aquele número lá, 13, mudei para 2021, só que eu estava em 2020 ainda. A ideia de falar que era 2021 era por conta de falar: “somos agora a tecnologia do futuro, é para o ano que vem”. Nós tínhamos um NPS de TI de 68. Eu tinha uma avaliação institucional, meus colaboradores me avaliavam em 68. Hoje, depois de informatizar, depois de criar diversos mecanismos, criar modelos de governança, passar por toda essa jornada, hoje nosso NPS é 95, ou seja, eu gerei mais problema para mim porque eu informatizei muita coisa. Teoricamente, era para ter um RPS ruim porque as pessoas estão em curva de aprendizado. Muito pelo contrário, meu NPS subiu gigantescamente. Hoje meu NPS é de 95, nunca vi isso em lugar algum. Eu acredito muito que é por conta desse processo não só de implementação de tecnologia, mas de aculturação da instituição para um processo digital, para um processo de tecnologia.
Cassio Politi: NPS se mede assim, você pede para as pessoas darem uma nota de zero a dez. Você considera que deu nove e dez como promotor Quem deu o zero a seis, detrator. Aí você pega e subtrai, percentual de promotores menos percentual de detratores. Quando você tem 95, quer dizer que você tem no mínimo 95 de pessoas como promotores da TI internet da empresa. Por isso a gente fala que é um número muito expressivo.
Alex Vieira: Um número expressivo de avaliadores. Hoje eu tenho média mensal de mais de 1 mil e 300 avaliadores. Eu atendo hoje mensalmente uma média de 8 mil chamados. Este ano eu já totalizei 87 mil chamados. Eu entreguei este ano 147 projetos, fora toda essa transformação digital que guiou nosso modelo hospitalar. Eu vejo que em meio à pandemia, em meio à criação, transformação, investimentos, nós conseguimos criar dentro do HCor um modelo muito interessante de transformação digital, um modelo muito interessante de governança de tecnologia. Hoje eu tenho indicadores de tudo. Eu tenho modelo onde consigo saber o indicador buscando até a faixa do NPS individual de cada colaborador. Eu sei qual é o colaborador que eu preciso dar um feedback, eu sei qual é o colaborador que está atendendo mais, o que está atendendo menos, o que está atendendo mais e com maior qualidade, o que atende mais, mas com qualidade menor, para a gente poder trabalhar em treinamento dessas pessoas. Algo que fiz este ano foi investimento na equipe. Nós capacitamos toda a equipe, investimentos em mais de 19 cursos para o hospital. Se não me engano, foram 23 cursos que oferecemos para todo tipo de TI. Cada um com seus segmentos. Nós formamos equipes de infraestrutura, formamos equipe de segurança da informação, formamos analistas de negócio, desenvolvemos esses analistas de negócio para aprender linguagem SQL para desenvolver seus próprios relatórios e assim diminuir o gargalo que nós tínhamos no time de desenvolvimento. Fomos trabalhando para que a gente conseguisse realmente criar um time forte para que pudesse atingir todos os nossos objetivos. Eu gosto de falar que hoje nós temos um time de alta performance. Quando você tem um time de alta performance, você consegue fazer entregas inacreditáveis. Dez anos em um ano. Para mim, é um ano espetacular vivido no HCor, onde nós conseguimos fazer as entregas planejadas, conseguimos atingir os objetivos. Como o meu CEO falou na semana retrasada para mim: “é a primeira vez que eu participo de uma informatização hospitalar, que nem um médico vem aqui na minha porta brigar comigo, falando que o hospital está uma porcaria”.
Cassio Politi: Também é uma forma de mensurar. Qualitativa, mas é.
Alex Vieira: Eu nunca vi isso. Dentro da minha carreira, eu já tive a oportunidade de informatizar mais de 50 unidades hospitalares. Nessa jornada, é a primeira vez que eu vejo uma informatização que passa de uma maneira tão tranquila. É a questão da aculturação da instituição. O investimento que nós fizemos de explicar para o hospital que não é a TI que está fazendo isso, é um processo que o hospital precisa fazer, é um processo que todos têm corresponsabilidade e todos fazem parte. Uma coisa que eu tentei mudar também — geralmente quando a gente faz os comunicados são comunicados ou por e-mail ou folder que manda pelo WhatsApp. Eu fiz uma métrica na instituição sobre a idade dos colaboradores para tentar pensar como eu poderia atingir melhor essa comunicação com os colaboradores. Eu vi que nossa média de idade é de 20 a 30 anos, um público que não se comunica mais com texto, se comunica mais com vídeo, com foto. Eu comecei a tentar trazer para dentro do hospital esse modelo de comunicação também. Quando eu ia fazer qualquer tipo de explicação, eu fazia um vídeo, ensinava a pessoa a fazer, me filmava fazendo. A presença do líder dentro de uma transformação é muito importante porque dá respaldo às pessoas que estão implantando, dá segurança para quem está recebendo esse treinamento, dá segurança para quem está recebendo essa transformação, e faz com que todos enxerguem que realmente está todo mundo no mesmo time, todo mundo dentro da mesma toada. Só assim a gente vai conseguir sair do outro lado. A empresa realmente comprou essa ideia e me deixou muito satisfeito. Tem uma notícia bem quente de um e-mail que recebi hoje. Eu gosto de falar para todas as pessoas da minha equipe que nós não somos profissionais de tecnologia, nós profissionais de saúde. Quando eu falo isso, eu vou ler para você aqui… hoje eu recebi o elogio de um paciente que mandou um elogio para o ti me de TI. Você pensa: “como eu passei?”. O paciente escreve assim: “só tenho elogios à tecnologia implantada que registra todos os controles do tratamento aplicado em tempo real. Parabéns pela eficiência e modernidade do HCor”. Isso aqui é um paciente que entrou em contato com o nosso SAC e fez esse elogio. Isso começa a dar razão para tudo que nós executamos.
Cassio Politi: Faz valer a pena. Quero te dar parabéns também. É uma história legal, é uma história que bate muito, é aquela ideia que até deu vida para este podcast, tecnologia como meio e não como fim. Quando um hospital decide fazer um investimento dessa ordem, tanto da ordem de dinheiro quanto da ordem de tempo execução, você vê que tem que ter um resultado lá para o paciente, senão é só tecnologia por tecnologia. A gente aprendeu que isso não leva a nada. Quero dizer duas coisas. Primeiro, parabéns pelo case. Segundo, quero matar uma curiosidade. Eu deixei aqui no começo para o pessoal ouvir até o fim. Agora a gente tem que cumprir a promessa. Você começou a carreira em TI, continua em TI, passou por várias instituições de ensino. Quando alguém vai olhar seu LinkedIn, vai ver lá, no meio do nada, uma formação como dentista e uma atuação como dentista. Como você foi parar no consultório de odontologia?
Alex Vieira: Legal. Essa pergunta é uma que eu respondo para todo mundo que olha meu LinkedIn e vê que eu sou dentista. Voltando no primeiro ponto que você colocou, uma frase que gosto de colocar, a tecnologia não pode ser fim, tem que ser utilizada como meio para potencializar nosso negócio, potencializar o cuidado com nosso paciente. Minha vida inteira eu trabalhei na área da saúde como TI. Minha primeira formação eu fiz um tecnólogo em redes de comunicação, estudei dois anos, no último eu fui buscar um estágio, quando eu procurei esse estágio, eu encontrei um estágio no hospital Sírio-Libanês. Entrei para trabalhar com infraestrutura. Comecei a trabalhar. Na época a empresa falou para mim: “nós não temos vaga para poder te efetivar. A gente gosta muito do seu trabalho, mas não tem vaga para te efetivar na área de infraestrutura” “eu até queria saber se tem alguma oportunidade para trabalhar em outra área da TI” “nós temos uma vaga, mas é de estagiário, na parte de sistemas. Se você quiser, a gente pode te colocar lá. Mas você acabou a faculdade, não dá nem para renovar o seu estágio” “e se eu começar uma outra faculdade?” “então comece”. Aí eu comecei o curso de ciência da computação. Eu tinha feito redes de computadores, comecei o curso de ciência da computação, renovaram meu estágio, saí do time de infraestrutura e fui trabalhar no time de sistemas com desenvolvimento, com análise de dados, análise de sistemas. O tempo foi passando, a instituição começou a crescer, começou a encorpar o time de TI, e foi se criando um time de projetos. Eu comecei a pensar: “é legal esse negócio projeto, eu acho que quero ir para essa área”. Finalizei minha faculdade em dezembro, em janeiro comecei uma pós-graduação em gestão de projetos. Comecei essa pós já pensando em ir para o escritório de projeto. Passou um tempo, consegui ir para o escritório de projeto, comecei a pegar projetos muito bacanas na instituição que eu trabalhava, o Hospital Sírio-Libanês. Comecei a me destacar no trabalho. Às vezes eu tomo umas decisões que são sem pensar muito. Eu trabalhava na área de projetos do hospital, tinha acabado de finalizar meu curso de pós em gestão de projetos. Eu fui a uma festa, lá eu conheci um rapaz que tinha acabo de chegar do Canadá, estava me contando que fez um intercâmbio, isso era no meio do ano, julho, eu falei: “me conte um pouco mais como é esse negócio de intercâmbio”. Fiquei com aquilo na cabeça. Isso foi em um sábado. Quando foi na segunda eu comprei um intercâmbio para mim de quatro meses no Canadá. No dia seguinte, eu falei para minha chefe: “comprei um intercâmbio, vou para o Canadá, queria pedir desligamento” “você está louco? Comprou um intercâmbio?” “em novembro eu vou para o Canadá” “não faça isso, você não vai largar a empresa na mão, a gente gosta de você” “eu vou”. Ela não acreditou muito, duas pessoas que não acreditaram na época, ela e minha mãe. Minha mãe só foi acreditar que eu ia para lá duas semanas antes, quando eu comecei a comprar mala para poder ir. Minha chefe falou: “você tem férias vencidas, uma, e eu consigo adiantar as férias do ano que vem para você, aí a gente te dá 30 dias, você fica com seu banco de horas negativo, mas diminui. Em vez de ficar quatro meses lá, você fica três meses. Quando você voltar, você volta para o trabalho. Pode ser assim?” “pode ser assim”. Eu fui, me reorganizei. Quando chegou o final do ano, eu fui para o Canadá, fiquei três meses lá para fazer o intercâmbio, treinar meu inglês. Assim que eu voltei, eu tive a oportunidade de começar a administrar projetos não só mais só visando tecnologia, mas visando um âmbito um pouco maior. Eu tive a oportunidade de fazer implementação do pronto-socorro do hospital, do centro de oncologia, do centro de cuidado ao paciente. Isso começou a me dar uma visão um pouco diferente de TI. Eu comecei a olhar para trás: “eu já sei redes, já sei a parte de sistema, já sei a parte de projetos. Preciso olhar um pouco mais para a administração”. Aí eu fiz um MBA em administração de empresas, continuei evoluindo dentro da instituição, assumi alguns projetos corporativos em Brasília dentro da mesma instituição. Nesse processo, eu recebi uma proposta para ir para outra empresa. Quando eu estava finalizando meu MBA, recebi uma proposta. O hospital cobriu essa proposta, falou: “você vai ficar aqui com a gente. A gente vai te dar um outro curso, a gente vai te dar uma pós-graduação em informática e saúde”. Eu finalizei meu MBA em administração de empresas. Foi bem legal, teve uma extensão na Espanha, fiquei um mês lá e voltei. Quando eu voltei, já emendei nessa pós-graduação em informática e saúde. Quando eu entrei nessa pós, eu comecei a conhecer mais de perto o negócio de como é a gestão em saúde. Me deu uma visão muito legal de como fazer, gerir um hospital, gerir um negócio hospitalar. Eu falei: “eu acho que quero ser diretor de hospital”. No hospital que eu trabalhava, para ser diretor, você precisava ser da área da saúde: “se eu quero ser da área da saúde, se quero ser diretor, vou dar um jeito”. Eu comecei a pesquisar, e é aí que entra a odontologia na minha vida. Eu comecei a pesquisar quais cursos se encaixariam. Farmácia não é tão legal, enfermagem, não sei se vou conseguir depois trabalhar com enfermagem, medicina é legal, mas vou ter que parar de trabalhar. Se eu parar de trabalhar, eu não vou conseguir pagar minhas contas, não vai adiantar nada. Olhei odontologia, estava entre as profissões mais felizes da época, odontologia era a segunda. “É odontologia que eu vou fazer”. Comecei a fazer o curso de odontologia, mas não pensando em ser dentista, pensando em ser diretor do hospital. No meio do caminho, eu estava indo para o segundo ano, eu recebi uma proposta para ser gerente nacional de sistemas da UnitedHealth Group. Foi uma proposta tentadora, fui para lá. Saí do Sírio, que era meu objetivo de ser diretor, e acabei indo para a UnitedHealth Group. Lá dei continuidade na faculdade de odontologia, fiquei mais um período na United, saí e fui par a Rede D’Or São Luiz, onde eu fui responsável por todo o grupo (inint) [00:50:20], eu era responsável por tecnologia. Quando eu cheguei nós tínhamos 22 unidades. Quando eu saí de lá, nós tínhamos 56 unidades. Foram muitas implantações. Todo esse processo que nós fizemos no HCor fiz muitas vezes em várias regionais. Eu era responsável por oito regionais diferentes. Foi um aprendizado gigantesco. No meio do caminho, eu finalizei meu curso de odontologia. Na jornada do curso de odontologia, eu comecei a entender por que todo mundo que trabalha com saúde gosta tanto. Quando você começa a cuidar do outro, quando você começa a entender que você pode melhorar a vida das pessoas, isso é muito gratificante. Eu fiz o curso e dei continuidade. No período em que eu trabalhava na outra empresa, eu trabalhava de dia e atendia pacientes de noite. Eu tive a oportunidade de vir aqui para o HCor e dei continuidade na minha vida como dentista também.
Cassio Politi: Hoje você faz os dois.
Alex Vieira: Faço os dois. Durante o dia, eu trabalho no hospital como CIO, de quarta e sábado, sábado, integral, quarta de noite, eu atendo consultório para manter não só o atendimento ao paciente, manter a mão, mas conseguir enxergar o lado do meu cliente, como é estar na frente do paciente: “você não sabe o que é estar na frente do paciente”. Escutei isso na minha vida. Hoje eu sei. Melhorou muito a minha visão para transformar o meu negócio e poder ajudar da melhor forma os meus clientes internos e saber também qual é a real necessidade dos meus pacientes para ajudar e colocar a tecnologia como meio e não como fim.
Cassio Politi: Muito legal. Sua história é inspiradora, serve para muita gente que sente vontade de dar um upgrade na carreira, tem vontade de encontrar meios para crescer. Eles estão muitas vezes na força de vontade e buscando caminhos não tão óbvios, mas com muito sentido. Parabéns por essa trajetória. Quero lhe agradecer muito por tirar um tempo para tirar esse papo. A gente sabe que seu tempo é muito concorrido, de modo que parar quase uma hora do seu tempo tem muito valor para a gente. Volte mais vezes. Obrigado, Alex.
Alex Vieira: Obrigado a vocês. Obrigado pelo convite. Foi um enorme prazer poder falar um pouco da experiência no HCor, contar um pouco da minha história. Fiquei muito feliz com a participação, papo muito bacana. Estou à disposição para mais histórias.
Cassio Politi: Vamos chegando ao final do Think Tech de hoje. Me deixe falar de novo com minha colega virtual no podcast, a Sara. Essa mudança de carreira que o Alex fez é muito incomum, não é uma coisa que você vê com frequência. Ele foi de TI para dentista, mas sem sair da carreira de TI. Isso me impressionou. O curioso é que o Alex pode ajudar tanto a você quanto a mim. Ele pode ajudar a melhorar sua vida virtual de manhã com técnicas de TI. Ele também pode à tarde fazer um tratamento dentário em mim. Muito inusitado.
Sara: Cassio, é inusitado porque a maioria das pessoas no Brasil não chega nem seque ao primeiro diploma universitário. Segundo uma reportagem da revista Piauí, apenas um em cada cinco adultos com 34 anos tem curso superior. Isso significa que o feito do Alex Vieira é muito expressivo. Ele conseguiu não apenas um, mas dois diplomas.
Cassio Politi: Concordo, você tem toda a razão. Seu cérebro eletrônico não falha nunca. Eu busquei enquanto você estava falando e encontrei essa reportagem que você citou. Você extraiu o dado de que só um em cada cinco adultos se formou em um uma universidade no Brasil. A mesma reportagem diz que nos Estados Unidos são cinco em cada dez, um índice muito maior lá do que aqui.
Sara: O Brasil um dia chega lá, Cassio.
Cassio Politi: Chega, sim. É isso aí. Precisa ter otimismo. Este foi o Think Tech de hoje. Até a próxima.