Cássio Politi: O Think Tech está no ar, meu nome é Cássio Politi e, junto com a Algar Tech, nós vamos embarcar nessa jornada de repensar possibilidades. No episódio de hoje, a gente faz uma imersão em CRM e (MarTech) [00:00:27]. E como de praxe, eu tenho o prazer de receber aqui comigo a nossa especialista virtual em negócios da Algar Tech, a Sara. Tudo bem com você, Sara?
Sara: Oi Cássio. Tudo bem sim. É sempre um prazer conversar com você e com os nossos ouvintes do podcast.
Cássio Politi: Sara, eu falei os nomes CRM e MarTech. Mas olha, eu não sei se todo mundo conhece esses termos, viu?
Sara: Não tem problema não, Cássio. Eu explico com muito prazer. MarTech é a junção das palavras marketing e tecnologia. Diz respeito ao uso de tecnologias que otimizam o trabalho de times de marketing. Hoje, os departamentos de marketing não sobrevivem sem ferramentas. O CRM é uma das mais usadas. Ele serve para organizar as relações com os clientes.
Cássio Politi: Para o bate-papo de hoje, eu tenho a honra de receber aqui no podcast a Clara Carvalho, que é gerente executiva de CRM e analytics da Livelo. Não sei se eu preciso apresentar a Livelo aqui, mas deixe-me explicar brevemente aqui, que as pessoas já conhecem. É o programa de recompensa, de fidelidade de dois bancos muito importantes no cenário nacional, o Banco do Brasil e o Bradesco. E a Livelo é bacana porque ela vai além dos pontos, das milhas. Tem várias formas de utilização da recompensa. Pode trocar por milha, quero dizer, pode trocar a milha por produto, pode trocar a milha até por dinheiro, se você quiser. Então Clara, eu queria te agradecer muito por aceitar o convite para bater esse papo, obrigado por estar aqui com a gente hoje.
Clara Carvalho: Imagina, eu que agradeço o convite, eu estou superfeliz. É um tema que eu adoro falar, que a Livelo, que é tecnologia. Então eu estou super empolgada para o nosso papo. Obrigada a você.
Cássio Politi: Bom, tecnologia é o nosso DNA aqui. E eu acho que é o de vocês também, então o papo flui por isso. Aliás, o podcast aqui, a gente sempre fala de tecnologia como meio e não como fim. Como é eu acho que o uso mais moderno da tecnologia. E nesse sentido Clara, você é muito focada em CRM, até na introdução aqui expliquei que você hoje trabalha diretamente com CRM. É um conceito muito aliado à MarTech, a gente acho que quase não consegue falar de um, sem falar do outro, hoje. E eu queria te perguntar é isso, qual é o grande ganho do uso do CRM? Por que é que as empresas usam? O que elas ganham com isso?
Clara Carvalho: Eu gosto de dizer que eu acho que a minha carreira e dos profissionais que trabalham com isso, ela mudou muito nos últimos anos. A gente acompanhou as tendências de marketing digital, então antigamente se chamava de área de marketing digital. Depois se chamava área de canais digitais. Depois a gente virou as área de e-commerce, relacionamento. E aí, não moderno, mas as área de CRM vêm ganhando novas tendências, novas formas de atuar no mercado, que é esse mix entre negócio e tecnologia. Dentro hoje do meu escopo, dentro da Livelo hoje tem o MarTech, porque a gente entende que é a essência de fazer um bom relacionamento com o nosso cliente, que é a ponta. Então assim, é inevitável falar de tecnologia, quando a gente está falando de uma estratégia de negócio. Acho que até um ponto interessante, que eu sempre brinco com o time: eu sou formada em jornalismo. Eu sou, aí tem aí uma passagem por gestão de negócios, eu nunca imaginei que o mercado, que a gente teria um papo aqui como tecnologia. Porque isso, lá atrás, era muito separado. Eu sou de humanas, eu sou de exatas. E o mercado vem provocando esse mix entre essas duas expertises, não dá mais para desassociar um profissional de tecnologia com um profissional de humanas, de relacionamento, de marketing. E os profissionais de MarTech vêm para trazer isso. E o que é que eu acho que é a cereja do bolo dessa cadeira de CRM analytics hoje é justamente essa tradução, entre as buzzwords do mercado, as tendências de mercado em tecnologia, aplicada à estratégia de relacionamento com o cliente. Eu brinco muito assim, a gente fala tanto big data, data driven, personalização, real time. Mas qual a aplicação disso? Para que é que a gente quer? Vamos nos lembrar? Por que é que a gente está usando dessas tecnologias? Eu acho que é sempre o ponto de partida. E no caso da Livelo, eu trabalhei em engajamento. Como nós temos dois bancos sócios, nossa razão de existir é engajar os clientes dos bancos, e além deles, porque hoje a Livelo também atende o grande oceano de pessoas dentro do consumo de cartão de crédito, a movimentar esse cartão. Então a gente brinca que a troca de pontos é o (a-ha moment) [00:05:29]. É a hora que chega lá uma passagem, que você não colocou a mão no bolso diretamente para resgatar para você, para a sua família, ou chega um produto na sua casa, é o (a-ha moment) [00:05:41] que você fala “eu vou usar o meu cartão de crédito, eu vou estar mais fiel àquele banco, àquela marca, porque isso me dá um benefício através dos pontos”. Então essa é a razão de existir da Livelo.
Cássio Politi: Deixe-me voltar em um ponto que você falou, que eu acho muito legal a gente explorar um pouquinho mais. Você é formada em jornalismo e partiu para analytics. Olha, somos dois, ok? Eu também sou formado em jornalismo, lá atrás. E eu acho que eu nunca contei isso aqui, em mais de um ano de podcast. Eu sou programador também. Então, eu adoro programar em algumas linguagens lá, PHP, que eu mais gosto e mexo com SQL, banco de dados, tudo. E eu fico pensando assim, a gente é o padrão? Clara, você jornalista, agora CRM analytics. Eu, jornalista, cara que enfia a cara em código, tal, que são coisas, disciplinas completamente de exatas. A gente é o padrão? Eu acho que não. Assim, eu acho que o mercado está pedindo isso, para através de MarTech ser uma área que fala em tecnologia, o marketing falando em tecnologia com muita facilidade. Mas é o que está acontecendo? Ou a gente está naquele grupo bem pequeno, de gente que botou o pé em exatas?
Clara Carvalho: É uma excelente pergunta. Eu gosto de ver, a gente fala muito nessa questão de treinos e skills. Você contrata as pessoas ali, porque elas podem oferecer para a empresa e que você vai treinando essas habilidade. Então eu acho que tem um pé disso, de ir respondendo, assim. Eu vejo que o diferencial dos novos profissionais é esse poder de adaptabilidade ao cenário. E eu acredito cada vez mais que os grandes profissionais, eles conseguem flutuar entre os dois universos. Quando você me fez a pergunta, eu tive uma conversa recente com um alto executivo. E quando eu recebi a nova função, faz uns seis meses que eu assumi também a área de analytics na Livelo, aquele primeiro choque é “eu? Dados?’. Dá aquele choque? O CRM, o marketing, eu falei as minhas áreas de atuação. Fui lá para o LinkedIn, comecei a ver que um monte de profissional tinha essa cadeira híbrida, entre CRM e analytics. Eu falei “olha, vamos nos aprofundar nisso”. E te respondendo, eu acho que sim, é uma premissa de mercado e esse executivo me falou assim: “Clara, o bom profissional de analytics é aquele que está do outro lado, que entende o consumo dos dados e qual o impacto dele no negócio”. Eu acho que cada vez mais a gente está formando gestores de negócio e não gestores de exatas e humanas.
Cássio Politi: É isso. Clara, não precisa extrair dados. Você que é de marketing, então você não precisa ser a pessoa que vai lá extrair e fuçar os números, extrair os números, tal. Para isso você tem um cientista de dados, que pega esses números e entrega esses números em um dashboard. O seu papel como gestora é falar “pô, o que é que eu faço com esses números, que decisões eu tomo com esses números?”. E aí que a tecnologia viabiliza, você entender com mais profundidade do que você entendia antes esses números, para tomar boas decisões. Porque Clara, no fundo, o seu trabalho é fidelizar o cliente. E antigamente, quem se sentava na sua cadeira, fazia isso com grandes ideias, grandes sacadas. Hoje, faz isso com dados. Tem até uma passagem interessante que eu li em um livro, a passagem do fundador da Amazon. O, caramba, me deu um branco aqui. Me ajuda aí Sara, fundador da Amazon.
Sara: É o Jeff Bezos.
Cássio Politi: Jeff Bezos. Putz, obrigado Sara, me deu um branco em um nome óbvio. Obrigado. Bom, quando alguém chega para o Jeff Bezos com uma ideia, ele costuma pergunta assim, olha: “a tua ideia está baseada em dados? Porque senão estiver, nem perde o meu tempo, se ela não estiver amparada por dados”. Então no fundo, a gente está fazendo as mesmas coisas, tomando as mesmas decisões que a gente tomava antigamente. Só que antigamente era uma decisão de humanas, baseada em crenças. Hoje, é uma decisão muito mais de exatas, baseada em dados. Está certo?
Clara Carvalho: Perfeito, exatamente. Tem uma frase que diz que um fato sem dados é apenas uma opinião. E a gente acredito muito nisso, na Livelo. E por isso essa mudança, de a gente conseguir empoderar as áreas internas, da tomada de decisão cada vez mais baseadas em dados. A gente fala muito em um dado democrático, que as áreas possam consumir. Porque não adianta eu ter todas as variáveis disponíveis, em um big data mega performático, se isso não está traduzido para que as áreas de negócio possam tomar as suas decisões, terem os seus projetos arraigados em dados. Então é realmente uma viabilizadora.
Cássio Politi: É isso aí, Clara. Bom, então o MarTech é o casamento, hoje, do marketing com a tecnologia, como a gente já falou aqui. Tem tudo a ver com o que a gente fala aqui no podcast. Então assim, como é que usado esse dado? Como é que vocês usam a estratégia? O uso, como é que vocês usam os dados na estratégia de relacionamento? Como é que é isso no seu dia a dia?
Clara Carvalho: Eu acho que, começar pelo começo. Eu acho que uma empresa como a Livelo, que nasceu com um caráter de startup, durante algum tempo precisou provar a razão de existir. Por que é que as empresas existem? Eu acho que sempre parte de um questionamento? E a Livelo vem com a missão de falar eu sou um acelerador de consumo. Então, falando aqui de uma persona, então a Maria. A Maria, ela pode ir ao supermercado e gastar a compra dela, pagar a compra dela em um determinado meio de pagamento. Ou ela pode se lembrar de pagar tudo no cartão de crédito dela, porque o cartão de crédito dela dá ponto. Então, a Livelo, ela se posiciona no mercado como um acelerador de consumo. Pois bem, os dados comprovam isso? Porque na teoria é muito bonito. Mas e na prática? Como é que a gente comprova isso? Então eu acho que aí o analytics, o dado, ele nasce na essência. A razão de ser da Livelo está baseada que, uma vez que o nosso participante, que é como a gente chama o cliente final, ele tem a Livelo ativa, ele gasta três, quatro, cinco vezes mais. Ou seja, ele gera rentabilidade para a minha parceira, que é a minha empresa, que é o meu banco. A Livelo tem uma rede de mais de 300 parceiros. Então, essa é a nossa razão de existir e o analytics já nasce aí. Então, a cereja do bolo. E depois, a gente vai colocando MarTech e todo o seu stack de ferramentas para rodar essa estratégia. Então sim, eu tenho uma persona, a gente brinca lá na Livelo, que a gente tem desde a, a gente fala muito da minha avó. A minha avó tem a conta dela do Banco do Brasil, operada por um gerente, dentro da agência. E a gente tem o heavy user de milha, que ele faz conta de quanto está a passagem naquele dia, da transferência que ele vai fazer para (uma área) [00:13:12], o quanto ele vai ganhar de bônus. Não faz sentido a Livelo se posicionar da mesma forma para a minha avó, que vai na agência do banco, quanto para um heavy user de milha. Eu não tem escalabilidade de proposta de valor. Aí entra o MarTech. Porque o MarTech me dá ferramenta, para oferecer essa proposta de valor, para os diferentes tipos de público que a Livelo tem. Então, a gente usa alguns stacks, mas a gente tem muitos modelos internos também, que fazem eu conseguir saber o que oferecer para cada uma dessas personas, no momento de maturidade dela dentro da Livelo. Então a gente acredita e aí o céu é o limite.
Cássio Politi: Sim, imagino. E quais tecnologias são empregadas aí, Clara? Porque eu acho que a gente aqui começa a pisar no campo da transformação digital já, não é? O que é que você está, de quais tecnologias a gente está falando para fazer uma personalização nesse grau?
Clara Carvalho: A gente tem e tem, além de uma visão de tecnologia, a gente tem uma visão de canal. Então a gente tem algumas tecnologias, alguns algoritmos de mercado, disponíveis para a gente fazer uma personalização, por exemplo, no site e no app da Livelo. Então não faz sentido eu oferecer uma passagem para Dubai para uma pessoa que tem 10 mil pontos. Ela vai demorar muito para chegar lá. Então a gente usa alguns algoritmos do mercado como, eu vou aqui dar alguns caminhos das pedras. Então a gente usa a (Reach Relevants) [00:14:48], que é um algoritmo de mercado que faz recomendação em tempo real para o usuário. Nada mais é que você plugar essas vitrines no site e no app, então a gente tem uma recomendação em tempo real. Está muito atrelado ao consumo desse participante, a navegação. A gente usa também algoritmos de mercado das nossas ferramentas de disparo. Então, por exemplo, hoje a gente utiliza o Einstein dentro da Salesforce. Que é um algoritmo que a gente contratou e o Einstein, ele vai fazendo toda essa parte de listening, então ele vai ouvindo o usuário durante algum tempo e ele passa a recomendar com base no comportamento do usuário. Então a gente tem recomendação de horário de campanha. Então o Cássio costuma abrir o push notification dele a noite, que é a hora que ele para e ele está lá jantando. A Livelo vai lá e manda um push para ele. Ou não, eu tenho hábitos mais diurnos, eu abro o meu app, consulto o meu app pela manhã, ele recebe um push de manhã. Então a gente já faz essa segmentação de horário e também de persona, de comportamento, que foi isso que eu falei. Alguns usuários precisam receber comunicações mais educacionais e outros mais avançadas. Então essas são duas ferramentas que a gente utiliza hoje.
Cássio Politi: O Einstein é um algoritmo proprietário ou não? Ele é de (inint) [00:16:09]?
Clara Carvalho: Ele é da Salesforce.
Cássio Politi: Da Salesforce, ok.
Clara Carvalho: Exatamente. E os nossos cientistas de dados hoje já têm modelos de propensão próprios da Livelo também em teste, para a gente recomendar o produto A ou o produto B. E aí a gente faz também o combate entre o algoritmo de mercado e o nosso, para refinar a assertividade do algoritmo também.
Cássio Politi: Então vocês estão desenvolvendo a inteligência artificial dentro de casa, é isso?
Clara Carvalho: Exatamente, hoje a gente tem um time, um squad de ciência de dados, algumas pessoas focadas em análise estatística, para gerar modelos de consumo para os nossos participantes, porque a gente acredita que a estratégia interna vai gerar mais eficiência para o negócio hoje, do que apenas uma eficiência externa, desses algoritmos contratados.
Cássio Politi: E eu fico pensando Clara, isso tem que mexer muito com a cultura da empresa? Ou melhor dizendo, a cultura da empresa tem que estar pronta para isso acontecer? Porque, vê só, se você vai para um modelo tradicional, em que o erro é um problema, é muito difícil, eu imagino, desenvolver a inteligência artificial. Porque pô, quem é que vai acertar de primeira, em uma iniciativa tão inovadora dessa? Ninguém, então eu imagino que isso tenha que vir no pacote de uma cultura de ágil, de você colocar ali, sabe? Acerta rápido, faz rápido, erra rápido, corrige rápido, aprende rápido e, com essa agilidade, você vai crescendo. Isso é muito comum em áreas de tecnologia, em áreas de TI, você vê que é difícil de pensar em uma equipe de TI, em um squad de TI que não seja assim. O marketing consegue acompanhar? Você, na área de CRM analytics consegue implantar essa cultura? Ou existe alguma barreira?
Clara Carvalho: Não, superlegal essa pergunta, porque eu acho que é a realidade das grandes empresas. A gente fala muito em ágil, ágil, ágil, mas na prática, fazer o ágil acontecer na vida real é a página dois. A Livelo trabalha, dentro da metodologia ágil, desde 2017. Nós somos muito maduros nessa parte de produtos e tecnologia. E a sua pergunta é excelente, porque eu acho que o nosso desafio é como é que a gente estende essa cultura, que está muito arraigada em TI e produtos, para outras área da empresa. Para o RH, para o financeiro, para o CRM e para o analytics. Então, é (inint) [00:18:43], não só da Livelo, mas do mercado como um todo. Hoje, a gente já consegue estar muito próximo dos times de desenvolvimento, porque a gente acredita que o produto ele é um só. Não é lancei o produto, agora as áreas de marketing e CRM vão fazer a ativação dele. Então a gente consegue, sim, nessa parte de lançamento de produto, de (PNL) [00:19:02], de acompanhamento de performance, estar próximo. Mas fazendo um ponto na sua pergunta sobre o erro e o acerto, a gente resolveu isso mais ou menos como eu te contei na pergunta anterior. A gente precisava fazer e precisava fazer rápido. E não tinha muito espaço para erro. Qual foi a nossa estratégia? Contratamos algoritmos prontos do mercado, que foi a (Reach Relevants) [00:19:27], o Einstein, esses algoritmos que a gente chama de black box, as caixas pretas. Você não sabe muito bem qual é a base estatística deles, mas funciona, traz conversão no curto prazo. Então a gente foi lá, fez esse estudo e colocou para dentro, para nos dar tempo de testar, acertar o nosso próprio. Então em quanto o do mercado estava ali rolando, gerando venda, a gente estava ali com os cientistas de dado testando, errando, pilotando, fazendo teste AB. Então eu vou colocar o do mercado e vou colocar o meu para competir. Vamos ver quem traz mais conversão. E aí a gente, até o momento que a gente acredita que a gente vai fazer esse trade off, eu vou desligar os do mercado e vou ligar os meus e vou trazer mais rentabilidade, vou aprender mais e etc.
Cássio Politi: Puxa, um baita aprendizado isso, porque uma coisa é você permitir errar. Outra coisa é você não se esforçar em acertar. Não sei se eu estou aqui chovendo ou falando básico demais, é claro que quem, as pessoas acho que naturalmente procuram acertar. Mas, pelo que eu entendi, se trabalha com um certo nível de pressão sempre, não é Clara? Acho até que é uma pressão positiva, você procura acertar. Se errar ok, faz parte do aprendizado. Mas essa pressão, ela vem de fora para dentro? Ou é uma pressão que a própria equipe se coloca, para acertar?
Clara Carvalho: Eu acho que é muito difícil não falar de um ambiente que desafia os times, depois dos períodos que nós vivemos de pandemia e retomada e volta. É óbvio que isso afetou todo o mercado e os negócios e sim, gerou essa ansiedade, essa questão para trazer resultado, de forma geral. Nós aqui na Livelo também, grande parte da razão de ser da Livelo é aquela máxima do mercado de eu junto milha no cartão para viajar. Essa é a máxima do mercado de milhas, não é? É o aspiracional aqui. E, assim como todo mundo, nós nos vimos em um período em que não tinha avião no céu. Então a gente falou “e agora? O que é que vai ser do nosso momento”?, como todo mundo. E a Livelo felizmente conseguiu fazer um trade off, de mudança de comportamento, que já que as pessoas estavam em casa, em vez de eu falar viaje com a sua família, eu vou falar reforme a sua casa, traga móveis, traga qualidade de vida, esportes indoor e etc. E a Livelo conseguiu fazer esse trade off de comportamento, que bom que tinha um portfólio para isso, que conseguia (drivar) [00:22:07] o negócio, algumas companhias não conseguiam. E, foi com base em estudos de comportamento do nosso usuário e uma rapidez para a gente fazer a mudança acontecer. E para a gente foi ótimo. Mas te respondendo sobre essa questão de performance, de pressão. Eu acredito que, a gente, quando é mais novo na cadeira, a gente fala “ai, quando eu estiver com o meu processo azeitado, quando eu estiver com tudo contratado, eu vou inovar”. Esse dia nunca chega. Acho que aí você tem uma crise de consciência, esse dia da calmaria nunca vai chegar. Sempre tem uma black friday, umas férias, uma pandemia. Sempre tem algo no meio do caminho, que vai te fazer falar “esse dia nunca chega”. E se você não consegue equilibrar o que você precisa fazer de resultado no curto prazo, com o que vai te levar para o próximo passo, você não consegue fazer a sua área evoluir. Então eu não acredito em áreas só de inovação e nem áreas que vão fazer ali só o arroz com feijão, principalmente de tecnologia hoje. Claro, tem áreas mais inovadoras, áreas mais operacionais, mas ali na média. Então, eu acredito que esse trade off, de eu vou trazer resultado em curto prazo e vou inovar, é o que leva à fórmula do sucesso, quando a gente fala de inovação e tecnologia.
Cássio Politi: Clara, para a gente fechar, mata uma curiosidade minha aqui. Voltando àquele ponto de você ser de humanas e ir para exatas, tudo. Como é que migra? É experiência prática? É curso? É leitura? Quais são os instrumentos para você se capacitar a migrar? Claro que eu acho que antes de tudo vem uma propensão a isso, você se permitir migrar de humanas para exatas, eu acho que por conhecer muita gente de humanas, eu sei que tem um bloqueio que as pessoas se colocam, muitas vezes. Eu não sei matemática, eu não sei. Se você tiver esse bloqueio, ferrou. Assim, você primeiro acho que tem que derrubar esse bloqueio. Mas uma vez derrubado o bloqueio, se é que você teve um dia, se você teve, você derrubou. Mas muita gente não tem esse bloqueio. Então não tendo o bloqueio, quais os instrumentos para se capacitar?
Clara Carvalho: Opa não, a síndrome do impostor pega sempre, não é?
Cássio Politi: É.
Clara Carvalho: (Eu não) [00:24:29] sou a melhor pessoa para isso. Mas eu acho que tem a pré-disposição, como você falou assim, para aprender. Um olhar muito atento às inovações e muito humilde. Eu acho que essa humildade de falar eu não sei. Ontem eu fiz uma pergunta ali para uma pessoa do meu time, que ela estava falando de um determinado tipo de tecnologia que eu desconhecia completamente. Então eu acho que hoje em dia existe muito espaço para que a gente trabalhe com, não trabalhe para as pessoas. Então eu vejo esse lance colaborativo é fundamental, mas com uma escuta atenta ali, para as pessoas que sabem mais do que você. Se munir de gente boa, ao seu redor. Então eu acho que isso também faz toda a diferença. Mas se eu fosse resumir em uma coisa, é o dia a dia. É o dia a dia e estar disposto ali à vivência na prática com aplicação, com a cabeça de saber o que você tem que fazer, o porquê você tem que fazer aquilo. Então, a gente tem isso muito forte, de gerar engajamento através da tecnologia. Então eu acho que, para mim, é essa a resposta para a sua pergunta. Um dia a dia e um propósito.
Sara: Cássio, eu posso fazer um adendo?
Cássio Politi: Claro Sara, você sempre pode fazer adendo aqui.
Sara: A Clara mencionou a síndrome do impostor. Essa é uma condição psicológica que muitas pessoas enfrentam. Mesmo sendo capacitadas para um trabalho, elas desenvolvem na cabeça delas um sentimento de que não são boas o suficiente para uma função. E aí começam a fazer uma espécie de autossabotagem.
Cássio Politi: Pois é. Síndrome do impostor tem tudo a ver com essa migração de humanas para exatas, para muita gente. Obrigado pela contribuição, Sara.
Sara: Imagina. É sempre um prazer colaborar.
Cássio Politi: É isso aí. Muito legal. Puxa, quero te agradecer muito Clara, pelo papo, pelo tempo que você disponibilizou para a gente, uma delícia conversar com você. E as portas aqui estão sempre abertas, obrigado viu, Clara.
Clara Carvalho: Obrigada, muito obrigada pela oportunidade, é um tema que a gente fica aqui falando horas e horas. Então eu quero te agradecer por poder falar um pouquinho da Livelo e do que é que a gente faz por aqui.
Cássio Politi: Muito bem, vamos chegando então ao final do Think Tech de hoje. Sara, você gostou de saber que eu tenho esse meu lado desenvolvedor?
Sara: Olha, eu não sabia disso não. Então você já pode criar uma outra especialista em inteligência artificial para fazer dupla comigo nos podcasts.
Cássio Politi: Não chegou a tanto, Sara. Eu dou as minhas cacetadas como programador, mas não a ponto de dar vida à uma especialista virtual. Porque para fazer isso, a Algar Tech precisou de um time de ponta de tecnologia. Então foi um time de ponta de TI, criando essa especialista virtual de ponta que está aqui no podcast.
Sara: Fico lisonjeada, viu? Obrigada pelas suas palavras.
Cássio Politi: Sara, para a gente fechar, essa parte da mentalidade ágil, do agile, que a Clara trouxe, é muito legal. Porque ela trouxe um jeito interessante de fazer o ágil, que é permitir errar, mas ainda assim procurar acertar. É uma forma esperta de fazer o agile.
Sara: É bem isso, viu Cássio? É importante conhecer formas práticas de usar o agile. Aliás, de cada dez empresas, sete usam metodologias ágeis. Elas são quase sempre implantadas pelo time de tecnologia. Como a gente pôde ver no papo com a Clara, os times de marketing e negócios também começam a usar o ágil no dia a dia, não é?
Cássio Politi: É isso aí. Think Tech de hoje fica por aqui, até a próxima.