Cassio Politi: O Think Tech está no ar. Meu nome é Cassio Politi, e junto com Algar Tech nós vamos embarcar nessa jornada de repensar possibilidades. No episódio de hoje a gente faz uma imersão em tecnologia voltada para caminhoneiros. A Sara, nossa especialista virtual em negócios aqui na Algar Tech pode nunca ter dirigido um caminhão, mas olha, como toda personalidade do mundo digital, ela está presente sim no dia a dia de quem usa tecnologia para se comunicar, caminhoneiros inclusive, porque aí é que está, a gente às vezes imagina que caminhoneiro não se conecte porque está dirigindo o tempo todo, mas não é bem assim não. Estou certo, Sara? 

Sara: Oi, Cássio. Você está certo sim. Segundo dados de uma pesquisa apresentada pelo site Mecânicos Online, 72% dos caminhoneiros usam smartphones para acessar a internet, e 62% navegam pela web todos os dias. Para 1 em cada 5 entrevistados, acessar a internet é uma das 3 principais necessidades do caminhoneiro. O acesso à internet está equiparado às necessidades básicas de quem dirige um caminhão, como alimentação, estacionamento, segurança e serviços mecânicos. 

Cassio Politi: Pois é, não tem nenhuma barreira tecnológica para o caminhoneiro usar um smartphone. Ok, talvez algumas regiões, em alguns lugares, algumas estradas fiquem sem sinal, mas isso não é barreira para ele ter um smartphone, só restringe o uso em alguns momentos. No mais, o caminhoneiro precisa se comunicar com a família, fornecedores, clientes e por aí vai. Para o bate-papo de hoje eu tenho a satisfação de receber o Heitor Carvalho que é CTO da TMOV, uma logtech focada em ajudar o caminhoneiro a se digitalizar. No fundo a TMOV foca no agronegócio, mas ela faz isso de uma forma muito interessante, que é cobrindo toda jornada do caminhoneiro, especialmente no aspecto mundo digital. Quando eu falo da jornada do caminhoneiro eu estou falando desde a escolha da carga, até receber o pagamento e todas aquelas atividades que envolvem o caminhoneiro no mundo de hoje um pouco mais digital. Heitor, que prazer receber você aqui. Obrigado por aceitar o convite para esse papo, Heitor. 

Heitor Carvalho: Obrigado. Eu que agradeço a oportunidade, Cassio. 

Cassio Politi: Legal. Vamos lá, vamos falar de algo que você entende bem, que é o caminhoneiro. É um público muito peculiar, não é, Heitor? 

Heitor Carvalho: Sim. 

Cassio Politi: Por um lado, não é certo dizer que é um público desconectado, usa smartphone para caramba, por outro lado também não são profissionais que têm os hábitos que acho que muitos de nós, seres de escritório temos, que é trabalhar com a cara enfiada no computador, na tela, então é um público particular. E aí vem a minha pergunta para você, como usar a tecnologia para ajudar esse público formado por caminhoneiros? 

Heitor Carvalho: Claro. O caminhoneiro, é como você disse, é um público peculiar, ele não é um nativo digital em geral, mas ele tem um grande domínio de algumas plataformas digitais. Por exemplo, em algumas pesquisas que nós fizemos, todos eles usam WhatsApp, muitos deles usam Tik Tok e Instagram. 

Cassio Politi: Olha só. 

Heitor Carvalho: É uma surpresa para a gente que o Tik Tok aparece como um aplicativo muito difundido nesse público. E aí a gente procura se valer um pouco desse conhecimento que eles têm para a gente trazer para o nosso aplicativo essas experiências e tentar facilitar o entendimento para o caminhoneiro. 

Cassio Politi: Muito interessante isso. Aliás, usam Tik Tok de que maneira, Heitor? Obviamente não vai ser como um adolescente usa, mas vocês conseguem mapear? Eu fiquei bem curioso. Que tipo de conteúdo sai do caminhoneiro? 

Heitor Carvalho: Nas pesquisas que nós fizemos, a maioria dos caminhoneiros são mais consumidores do que produtores de conteúdo do Tik Tok. Eles usam muito mais para o entretenimento mesmo, eles ficam navegando no Tik Tok para consumir um pouco desse conteúdo produzido por outras pessoas. 

Cassio Politi: Interessante isso. Mas faz sentido, não é, Heitor? Acho que não é uma atividade fácil, demanda muita concentração, um certo stress, eu imagino, por vezes com estrada cheia, acidente, fora o risco a que ele se expõe. Interessante aliviar um pouco a cabeça com conteúdo, que o americano chama de snackable, que é tipo um snack, não é um livro, não é um filme, é um conteúdo curtinho que você consome para relaxar a cabeça. É muito interessante ouvir isso. 

Heitor Carvalho: É um entretenimento mais fácil, mais tranquilo para eles poderem se distrair um pouco. 

Cassio Politi: É isso aí, a gente faz a mesma coisa, é natural esse pensamento depois de uma viagem. 

Heitor Carvalho: Exato. 

Cassio Politi: É natural que eles façam o mesmo. Agora, como é a atividade da TMOV? Eu expliquei brevemente na introdução, mas o que vocês exatamente fornecem para esse caminhoneiro e como fornecem? 

Heitor Carvalho: Claro. A TMOV como você bem disse é uma logtech focada em digitalização da jornada do caminhoneiro. Nós ofertamos diversos produtos para facilitar esse processo de digitalização. Nós temos um aplicativo que ele funciona para fazer o match do motorista com a carga, ou seja, eu fazer o motorista encontrar a carga que ele tem interesse, seja para o tipo de produto que ele gosta de carregar, seja para rota que ele gosta de carregar, e já saber qual é o preço que ele vai receber por esse frete. Nós temos um aplicativo voltado para isso. Nós temos também o TMOV Pay, que é uma solução de serviços financeiros. Nós temos uma plataforma de Banking as a Service por trás, e hoje nós já oferecemos nessa frente do TMOV Pay a possibilidade de o caminhoneiro receber o seu frete por lá, em geral o caminhoneiro recebe um adiantamento do frete, quando ele faz a entrega e mostra o comprovante ele recebe normalmente 20% no final, é 80% de adiantamento, 20% no final. Nesse adiantamento já está também o valor para ele poder pagar o pedágio, porque a maior parte dos custos do caminhoneiro é diesel e pedágio, por isso que ele precisa receber esse adiantamento. O caminhoneiro não consegue ter esse capital de giro para ficar controlando esses custos prévios, por isso que o adiantamento é superimportante. Com o meio de pagamento digital a gente põe isso como crédito em um cartão, e ele também tem mais segurança porque ele não precisa ficar andando com dinheiro na estrada que gera muito risco para ele. A gente lançou agora em janeiro também um produto que é para ajudar mais ainda nesse processo de digitalização, que é uma tag de pedágio. Para receber o valor de pedágio, o caminhoneiro tinha que se deslocar até um local físico, enfiar o cartão em uma device para fazer a carga do valor do pedágio que é pago de forma apartada do frete inteiro. Com essa tag, a gente já credita o valor do pedágio e ele não precisa mais se locomover para lugar nenhum. Tem até uma simulação que foi feita, você pegando um caminhoneiro que faz uma viagem de Cardoso até o porto de Santos são aproximadamente 12 praças de pedágio, só com a tag ele já economiza 1 hora e 12 de viagem sem ter que ficar parando para fazer o pagamento, então ele passa pela cancela só reduzindo um pouco, ele tem uma economia de aproximadamente 168 reais em combustível porque ele não precisa ficar parando e arrancando. Além disso tem outros componentes do caminhão que ele desgasta menos, como o freio. A gente está focado nisso, em buscar formas de melhorar a vida do caminhoneiro através da digitalização. 

Cassio Politi: Maravilha. Deixa eu entender uma coisa, quantas jornadas você enxerga para o caminhoneiro? Vocês conhecem bem esse público, você acabou de citar uma pesquisa. 

Heitor Carvalho: Sim.

Cassio Politi: E nós leigos, Heitor, tendemos a pensar que caminhoneiro é um público só, é o caminhoneiro, claro, a gente quando está distante estereotipa, está na nossa cabeças. Mas eu dei uma olhada em rápida em dados aqui, então por exemplo, Agência Nacional de Transportes Terrestres, a ANTT, diz que em 2020 o Brasil tinha cerca de 700 mil transportadores autônomos registrados, outros 700 mil celetistas e um total de 210 mil empresas de transporte rodoviário de cargas, além de 400 cooperativas do setor. Olha os números, por baixo estamos falando de 1 milhão e meio de profissionais, então é uma categoria grande. Se tem tanta gente trabalhando, não é possível que tenha só 1 perfil, deve ter mais, daí a pergunta. Quantas jornadas vocês identificam para o caminhoneiro, claro, ligado a digitalização que é o foco de vocês? 

Heitor Carvalho: Eu acho que até mais do que jornadas, tem esses perfis, são quase personas completamente distintas. A gente identifica o caminhoneiro autônomo, é um tipo de público, o celetista, ou prestador de serviço, trabalha normalmente para um frotista, e aí eu preciso atender não só o caminhoneiro, mas também o gestor de frota, e por isso a gente criou uma plataforma para o gestor de frota, para facilitar que o próprio gestor indique a carga que ele quer para o caminhoneiro que trabalha para ele. Aqui dentro a gente também tem algumas segmentações, nós identificamos motoristas que só fazem trecho curto, nós temos motoristas que fazem somente trecho longo e tem motoristas que fazem híbrido, então algumas viagens ele pega curto, outras viagens ele pega longo. Para cada público desse a gente tem que fazer um tipo de tratativa, a gente procura abordar com ofertas específicas para cada público desse. A gente tem todo um trabalho aqui em ciência e análise de dados para a gente segmentar a visão de motoristas, perfis de motoristas e como a gente se comunica e ajuda na digitalização desse público. 

Cassio Politi: E essa é a base para o desenvolvimento de produtos? Você citou a tag, por exemplo, você consegue mapear que dores e a partir daí você, junto ao time de tecnologia, trabalha em uma solução? É mais ou menos essa a jornada ou eu simplifiquei demais?

Heitor Carvalho: É mais ou menos isso. O que nós temos? Nós temos um time, e aqui a gente fala muito Tech Prod, tudo junto porque realmente são 2 times, 2 diretores, mas que a gente trabalha em uma simbiose total. Como funciona? A gente vai para campo, para o interior de Tocantins, interior do Goiás, a gente roda o Brasil todo, então achamos product designers, temos product managers, que vão lá para campo fazer entrevista com esses diversos públicos, identificar quais são as dores, normalmente em algumas viagens o pessoal de tecnologia também acompanha para já desde o início está nessa identificação das dores, depois a gente traz para dentro de casa e formata que iniciativa e qual produto nós vamos focar para tentar resolver essa dor. Toda essa jornada de ida a campo é superimportante para a gente ter essa visão que você está levantando. Como você disse, tem o problema da tag, foi em uma pesquisa, foi um papo desse de campo em algumas pesquisas que o pessoal falou: “podia ter tag porque ia facilitar nossa vida, a gente não precisaria se deslocar, gastar tempo se deslocando para carregar e também economiza o meu tempo na praça de pedágio”. E aí a gente viu que é uma necessidade que vai ajudar esse caminhoneiro, e a gente foi lá. Começamos com o foco no autônomo e já estamos expandindo para alguns outros públicos, como por exemplo alguns frotistas e algumas outras empresas transportadoras. 

Cassio Politi: Ainda seguindo nessa linha de tecnologia como meio e não como fim, que é o que a gente aborda bastante aqui no podcast, você implantou na tag, você tem todos os benefícios que você escreveu, não vou repetir aqui. Dá para quantificar os benefícios que essa tecnologia gera para os caminhoneiros? Dá para medir isso de alguma forma? 

Heitor Carvalho: Dá para medir e aí por exemplo, naquele primeiro exemplo que eu te coloquei de Cardoso para Santos, a gente pode medir o tempo médio que ele gastaria em cada uma das 12 praças de pedágio.

Cassio Politi: São 12, não é? Que você falou? 

Heitor Carvalho: Exato. E o quanto ele gostaria estimado de combustível a cada parada e retomada de velocidade com o caminhão carregado, porque você gasta um pouco mais. A gente procurou identificar os benefícios em algumas rotas específicas, mas óbvio, para todo mundo teria que ser um trabalho um pouco maior, para cada caminhoneiro que carrega com a gente, identificar o benefício que ele está ganhando. 

Cassio Politi: Eu imagino pontos ali de apagão de sinal, pontos de apagão de internet, você mesmo quando viaja, vai às vezes por uma estrada menor, ou interior perde o sinal. Às vezes aqui no Rodoanel em São Paulo você perde o sinal também, e imagino que o caminhoneiro muito mais não é, Heitor? Ele vai para lugares muito mais remotos, muito mais descampados, e aqui sem nenhum juízo, isso pode acontecer no interior de São Paulo, no interior do Pará, no interior do Rio Grande do Sul, e esse apagão ele atrapalha alguma forma na coleta de dados? Vocês tecnicamente precisam lidar com essas zonas de apagão de sinal para uma entrega eficiente? 

Heitor Carvalho: Em um primeiro momento ele atrapalha quando o caminhoneiro está em jornada porque eu não consigo manter esse contato dando algumas dicas ou tentando abordar ele com algum benefício que eu possa dar durante a jornada. Tem sim esse problema do apagão dificultar. Só para te exemplificar, eu mesmo nessas viagens à campo que a gente faz bastante, eu já tive uma viagem que eu estava indo para Luís Eduardo Magalhães e eu fiquei aproximadamente uma hora e meia sem sinal porque a gente estava no interiorzão do Tocantins indo para a Bahia e completamente sem sinal. Isso dificulta um pouco a comunicação, a interatividade que a gente gostaria de ter com o caminhoneiro. E a gente tem aqui algumas discussões de como a gente poderia melhorar isso. Um dos pontos principais para a gente é por exemplo alguns pontos de embarque que são em fazendas muito remotas, e aí você não tem nenhum tipo de contato mesmo de sinal. Esse momento é mais crítico para a gente porque é o momento que o caminhoneiro precisa de algum auxílio às vezes com alguma documentação que está travada, e aí isso tem dificultado essa interatividade via aplicativo. Temos boas discussões internas aqui de como a gente pode minimizar esses impactos aí. 

Cassio Politi: Você citou isso, eu conversei já com mais gente da TMOV e uma coisa que me chama atenção é que o caminhoneiro quer ter algum contato físico. Uma parte disso, óbvio, é necessário, como você falou vai embarcar uma carga ali não tem como fazer isso, ainda, remotamente, não sei se um dia vai ter, mas ele ainda precisa de um certo contato físico, de um contato humano. Essa é uma barreira cultural que existe, pelo que entendi, ela transponível ou você já projeta o futuro sempre pensando que o contato do caminhoneiro com algum ponto de apoio, com alguém podendo falar, podendo ver alguém, é algo que provavelmente vai perdurar por mais tempo? 

Heitor Carvalho: Esse é um dos maiores desafios que nós temos por que nós tentamos, como a gente tem dito aqui, digitalizar a jornada, ou seja, reduzir a necessidade desse contato físico. Muitas vezes o caminhoneiro ia para as filiais, o que nós estamos fazendo é mudando esse ponto de contato de ser um contato físico para ser um contato em digital pessoal, personalizada, então a gente está mudando um pouco. Como o caminhoneiro usa muito o WhatsApp, a gente está mexendo um pouco no nosso aplicativo para ter mais interatividade com o caminhoneiro. O que a gente percebeu, é o que você falou, não é nem o contato físico, mas o contato pessoal, ele precisa ter isso. Tem muito caminhoneiro que sempre carrega na filial A porque ele confia na pessoa que está lá dentro daquela filial, a gente está tentando trazer essa confiança para dentro do aplicativo. Esse é o principal desafio. Eu acredito que tem sim meios da gente superar e garantir ainda o conforto e a confiança do caminhoneiro, e tirar um pouco essa necessidade porque o próprio caminhoneiro fala: “eu vou não é porque eu preciso, eu vou porque eu gosto, eu vou porque eu preciso”, porque se ele puder só ficar rodando de ponto de embarque para ponto de embarque para ele é o melhor. 

Cassio Politi: Claro, faz todo sentido. Você mencionou que vocês fazem muito a comunicação, fazem muito contato com caminhoneiro, é uma comunicação, pelo que eu entendi, de mão dupla, não é, Heitor? E isso naturalmente gera dados, eu imagino que vocês armazém dados, coletem muitos dados, de forma estruturada ou não, mas vocês devem ter um ótimo banco de dados aí. Isso de alguma forma tem valor e tem utilidade para as empresas? Por exemplo, as empresas que contratam esses celetistas, esses autônomos. Tem alguma outra aplicação que possa ser dada para esses dados do ponto de vista do cliente pessoa jurídica? 

Heitor Carvalho: É, parece clichê, mas os dados realmente são ouro, não é? 

Cassio Politi: Sim. 

Heitor Carvalho: A gente tem um Data Lake muito estruturado aqui, todas as informações em todos os pontos de contato que nós temos nós trazemos para dentro desse Data Lake para a gente poder usar da melhor forma. A gente usa isso para ofertar a melhor carga para o caminhoneiro, então a gente consegue identificar o perfil do caminhoneiro, o tipo de caminhão que ele tem, a gente analisa um volume grande de dados e variáveis para quando a gente faz uma oferta de carga, ser uma oferta mais assertiva. Nós temos um modelo matemático que nos ajuda nisso. Nós estamos também trazendo todos esses dados coletados para dar maior visibilidade para o gestor de frota, criando alguns dashboards com informações gerenciais para quem faz a gestão de frota entender, por exemplo, como está a rentabilidade do seu caminhão, a gente está querendo cada vez mais levar isso para a plataforma gestor de frota. E a gente tem também uma plataforma que a gente chama aqui de (schipper) [00:18:51] que são os donos das cargas que a gente também está convertendo-a para ser uma plataforma com mais informação gerencial para que ela vire uma plataforma de gestão logística para esses donos de carga. A gente está usando dados em várias contas. 

Cassio Politi: Heitor, quais tecnologias vocês usam? Você já mencionou Data Lake, então eu imagino que Big Data seja uma tecnologia natural, mas dessas que estão aí protagonizando a transformação digital, quais tecnologias você e seu time usam para poder fazer todo esse acompanhamento da jornada do caminhoneiro? 

Heitor Carvalho: Claro. Ano passado quando eu cheguei aqui, nós tínhamos a parte de infraestrutura um pouco mais distribuída, e aí nós fechamos uma parceria com o Google e migramos tudo para a GCP, então a gente usa muito serviço do Google Cloud Platform para ajudar a gente aqui nos nossos desafios, mas a gente também usa tecnologias, linguagens padrões de mercado como React no front-end, a gente usa muita inteligência do Google na parte de dados, então a gente tem as mais diversas tecnologias e o que a gente costuma falar, com você bem disse, tecnologia ela é meio não é fim, então a gente procura entender o desafio e ver qual a tecnologia melhor se adapta. O nosso sistema tem todo um back-end e EndoNet, mas tinha outro desafio que nós tínhamos que outra linguagem se mostrou melhor, nós fomos para essa outra linguagem. Nosso aplicativo era nativo, então só tinha para Android, a gente fez um processo de um aplicativo novo in flutter para o frotista, então agora trazendo o motorista para essa tecnologia aos poucos também. A gente procura ir adaptando. Obviamente a gente também não tem um set de tecnologias totalmente aberto porque senão fica difícil a gente manter, a gente procura (dar) [00:20:45] um padrão, mas nós temos uma camada de front com duas a três tecnologias definidas, uma camada de back com 3 tecnologias definidas e o GCP muito forte aqui para dar um auxílio em tudo o que é a parte de SRN, a infraestrutura cloud e também para parte de dados. 

Cassio Politi: E para a gente fechar, Heitor, me mata uma curiosidade, como é que é feito o onboarding desses caminhoneiros? Porque vocês usam toda essa tecnologia, imagino que para simplificar a vida dele, não é? A parte complicada está sempre atrás das cortinas. Como é o onboarding desse público? 

Heitor Carvalho: Bom, nós trouxemos tudo isso também para um meio digital no nosso aplicativo, então ele consegue tirar foto, estamos colocando agora a funcionalidade dele poder fazer upload do documento, então ele tira foto da CNH dele, faz um processo de liveness onde a gente consegue identificar o rosto do motorista, tira também foto do seu documento ou faz upload do documento, e isso tanto no aplicativo do motorista quanto no aplicativo do frotista. Por trás nós temos um GR, um Gestão de Risco próprio que faz consulta em diversos birôs e polícia para garantir que esse motorista não tem nenhum problema que o impeça de fazer um carregamento, e aí a gente libera o motorista para fazer a carga. A gente está evoluindo cada vez mais nesse processo porque quando nós criamos, fica um processo que a gente entendeu que estava simples, mas como você disse, o caminhoneiro está ali às vezes ele está na boleia do caminhão, ele está precisando tirar a foto do documento, ele está parado em um ponto que ele não tem muito apoio, está vendo formas de simplificar esse onboarding e ter um pouco mais de interatividade falando para ele quando a qualidade da foto que foi o problema, ou falando para ele se algum dado faltou. A gente está muito focado nesse desafio do onboarding agora para simplificar. Ele já está digitalizado, mas a gente está agora buscando simplificar cada vez mais e coletar menos dados. O que eu puder trazer automaticamente eu vou trazer automaticamente para ele preencher o menor volume de informações possível. 

Cassio Politi: Heitor, quero te agradecer muito aí pelo papo, é muito interessante, vocês fazem uma tecnologia muito peculiar para um público muito particular como a gente falou no começo, e imagino que vocês estejam melhorando muito a vida do caminhoneiro e por tabela a vida do país porque a gente é muito dependente do transporte rodoviário. Te agradeço muito por bater esse papo hoje, obrigado viu, Heitor. 

Heitor Carvalho: Obrigado você mais uma vez pela oportunidade. 

(inint) [00:23:17 – 00:23:31]

Cassio Politi: Muito bem. Vamos chegando então ao final do Think Tech de hoje. Sara, a gente está falando de uma atividade muito importante para a economia que é o transporte rodoviário. Como o Brasil é carente de outros meios como ferrovias, os caminhões acabam sendo muito importantes, mais do que isso, eles fazem parte até da cultura do brasileiro. Estou falando bobagem, Sara? 

Sara: Não está não, Cassio. Vários cantores conhecidos compuseram e gravaram músicas em homenagem aos caminhoneiros. Nessa lista entram artistas como Roberto Carlos, Sérgio Reis, Chitãozinho e Xororó e muitos outros. Aliás, vale fazer uma menção especial para Sula Miranda, que nos anos 80 ganhou o título de rainha dos caminhoneiros. 

Cassio Politi: São cantores bem conhecidos mesmo, Sara, aliás de muito sucesso. E se você me permitir eu vou enriquecer a sua lista, Sara. Até a Blitz colocou o caminhoneiro em uma música que eu adoro, que é a música A Dois Passos do Paraíso, lembra? Tem aquele finalzinho em que o Evandro Mesquita fala que o Arlindo Orlando, um caminhoneiro conhecido da pequena e pacata cidade de Miracema do Norte fugiu, desapareceu, escafedeu-se. Não vou me arriscar a cantar aqui que eu tiraria o podcast do ar, mas é essa a letra. Pelo visto o Arlindo Orlando até hoje não reapareceu. É isso aí, Think Tech de hoje fica por aqui, até a próxima.