Cássio: Think Tech está no ar. Meu nome é Cássio Politi, e junto com a Algar Tech nós vamos embarcar nesta jornada de repensar possibilidades. No episódio de hoje nós vamos fazer uma imersão em cultura de startups. Bom, como startups são muito relacionadas à tecnologia, eu vou abrir, como de praxe, o episódio, falando com a nossa especialista virtual em negócios, aqui na Algar Tech, que é a Sara. A Sara é, literalmente, a tecnologia em pessoa. Sara, startups são o tema de hoje e startups são um tema em alta, não é?

Sara: Oi, Cássio. Sim, o Brasil é um campo muito fértil para startups. Para se ter uma ideia, em 2011, eram 600 startups no país, em 2018 já eram mais de 10 mil. Hoje, estima-se que sejam cerca de 13 mil, ou seja, o crescimento foi mais de 20 vezes em pouco mais de uma década.

Cássio: E pelo andar da carruagem, Sara, startups vão continuar crescendo, viu? Para o bate-papo de hoje eu tenho a satisfação de receber o Rodrigo Carvalho, que é head de canais e marketplace da Riachuelo, que é uma empresa que dispensa apresentação pela sua importância, sua representatividade, há tanto tempo no mercado, há tantas décadas no mercado. Rodrigo tem uma trajetória não só como executivo, mas uma trajetória como empreendedor de sucesso, e isso, você vai perceber, tem muito a ver com a história que a gente vai contar hoje, aqui, no podcast. Rodrigo, grande prazer receber você aqui. Obrigado por aceitar o convite para esse bate-papo hoje, aqui, Rodrigo. Rodrigo: Prazer é todo meu, Cássio. 

Cássio: Legal. Vamos lá então contar essa história aí, porque é uma história que tem muito a ver com o nosso programa aqui, porque mistura um pouco aí de empreendedorismo, mistura um pouco da visão do executivo visando uma grande empresa, mas tudo isso aí misturado com tecnologia. E se eu voltar um pouco aí na sua trajetória, Rodrigo, que é uma trajetória ligada, bem ligada, à tecnologia. Você não fez a trajetória comum que se imagina de uma pessoa que está na sua posição hoje.

Rodrigo: (Exato) .

Cássio: O que eu quero dizer com isso? Não estou ali falando que a trajetória seja melhor ou pior, não é um juízo de valores aqui. Digo que ela não é comum porque você, anos atrás, estava ali como um empreendedor, (buscando) 

Rodrigo: Exato. No mundo das startups.

Cássio: Exatamente. E com relativo sucesso, não é, Rodrigo? Agora, não vou tentar aqui contar sua história com você aqui, presente no podcast. Como é que foi? Como é que foi essa sua trajetória bastante ligada à tecnologia? O que aconteceu na sua vida anterior? 

Rodrigo: Vamos lá. Quando eu comecei a faculdade, eu comecei também um novo desafio, em uma empresa local aqui. Qual era o desafio? A gente tinha que digitalizar uma empresa local. 

Cássio: Aí, que você está dizendo, onde?

Rodrigo: Em Itajubá. 

Cássio: Itajubá, Minas Gerais.

Rodrigo: Sul de Minas, terra boa, pão de queijo. 

Cássio: Tenho uma crítica a fazer, posso?

Rodrigo: Pode.

Cássio: Vocês tomam café fraco e com açúcar, em Minas, eu sei, porque minha mulher é mineira, a Algar Tech é mineira. Vocês deviam melhorar só o café, mas de resto é tudo maravilhoso, pão de queijo, o povo, o sotaque, mas sigamos.

Rodrigo: Não, aqui no Sul de Minas tem os melhores cafés do Brasil. 

Cássio: Eu sei.

Rodrigo: Só para ficar registrado. 

Cássio: E muita produção de pequenos produtores, ganhando prêmios, não é?

Rodrigo: Exatamente. 

Cássio: Nossa, agora falando sério, é isso mesmo. E crescendo, fazendo uma economia forte, agora falando sério. Mas, enfim, te desviei aí. Sigamos, lá em Itajubá, no seu começo de carreira. 

Rodrigo: Então, com esse desafio, a gente montou um grupo de pessoas e a gente chegou à conclusão que o melhor que a gente (tinha a fazer), no momento, era digitalizar a empresa, comércio local para que ele começasse a vender online, e aí a gente estruturou toda operação online dessa empresa, e com tudo veio dando certo, a área de tecnologia dela ficou muito grande para o tamanho que a empresa era, e foi aí que eu fui convidado, pelo meu chefe, a abrir essa nova empresa. 

Rodrigo: Ao invés de a gente ser um departamento de TI, a gente juntou forças e abriu uma startup para poder prestar serviços de consultoria para pequenos comércios que queriam digitalizar o seu negócio.

Cássio: Certo.

Rodrigo: E foi aí que surgiu a Donatelo, que era a nossa agência de marketing e desenvolvimento de software.

Cássio: (Perfeito).

Rodrigo: E por um bom tempo, vamos dizer assim, um ano e meio, dois anos, a gente trabalhou implantando e-commerces, em diversas plataformas, (o Etex), Loja Integrada, entre outras, até que a gente chegou em um momento e falou: “Cara, seria melhor se a gente desenvolvesse uma ferramenta que pudesse ajudar quem já tem um comércio digital a vender mais”, porque a gente já tinha implantado diversos e-commerces, já tinha visto o modelo. Vamos dizer assim, ele não era tão escalável (quanto você ter) uma ferramenta que pudesse ajudar os sellers, e foi aí que a gente criou o IntegraCommerce. O IntegraCommerce era uma ferramenta que integrava pequenas lojas, empresas já digitalizadas, aos grandes marketplaces. Foi bem na época que estaca surgindo aqueles grandes marketplaces, Walmart, Cnova, B2W, enfim, e junto a gente criou essa ferramenta. Dado o (know-how) que a gente tinha, a gente sempre fazia, sempre a gente usava da tecnologia para facilitar a vida dos nossos clientes, então basicamente foi aí que tudo começou. 

Cássio: Quer dizer, a tecnologia como meio e não como fim.

Rodrigo: Exato.

Cássio: E só para ver se eu entendi, se eu fosse ali uma loja, de qualquer porte, e quisesse colocar o meu produto para ser vendido em uma dessas que você citou, em um desses grandes e-commerces, uma dessas grandes lojas de varejo, Walmart ou qualquer uma dessas, eu, em vez de bater à porta deles lá, e de alguma forma, ter que desenvolver.

Rodrigo: Ter que desenvolver toda a integração. (Exato) .

Cássio: Eu pegava o IntegraCommerce, a sua ferramenta, e com poucos cliques, estava tecnicamente habilitado a entrar (nesses) grandes e-commerces. 

Rodrigo: Exato.

Cássio: Mais ou menos como (um API) ou algo parecido com isso.

Rodrigo: Exato. A gente fornecia todo para você poder operar, vender seus produtos no marketplace, receber seus pedidos, faturar (e enviar) as informações necessárias para ele, além de fazer todo o atendimento, fazer todo o pós-venda.

Cássio: (Então é bem mais que o API, não é? É realmente) uma integração, não é?

Rodrigo: (Exato. É uma plataforma mesmo).

Cássio: Perfeito. Então a ideia ali estava feita, (quer dizer), vocês usando tecnologia, é bem o propósito aqui do podcast, como meio e não como fim.

Rodrigo: Exato.

Cássio: Uma iniciativa ali, cobrindo à necessidade, atendendo à necessidade de um mercado, satisfazendo à necessidade de pessoas que estavam ali se aventurando no mundo digital. E aí, o que aconteceu? A IntegraCommerce prosperou?

Rodrigo: Cresceu.

Cássio: E aonde ela foi parar?

Rodrigo: A gente já tinha, mais ou menos, uns 150 clientes, e a gente visitava muitos marketplaces. Um deles, que a gente queria integrar muito, (querer) ser um dos primeiros a integrar, é Magazine Luiza, que já estavam tendo conversas que teriam marketplace e que precisava de apoio para abrir portas para o mercado, e foi aí que em uma reunião que estava (Fred Catala), tinha mais uma pessoa também, (o Galanternique), que eles falaram: “Cara, a gente quer fazer o marketplace e faz muito sentido adquirir a sua empresa para a gente acelerar essa (frente da Magazine Luiza”. Então foi muito legal), até falando assim arrepia na hora, porque eu lembro certinho da cena dele falando isso, e eu lá (parado do lado do Carlos), que era meu sócio lá, (falando: “Cara”, não podia falar isso, mas falando: “Que legal”, a gente criar uma empresa de tecnologia, e uma grande empresa, como Magazine Luiza, (interessar nela) 

é uma sensação muito bacana. .

Cássio: (Querendo comprar vocês)

Rodrigo: (O Galanternique falou) , eu lembro de uma frase dele que eu guardo até hoje: “Quem espera para nascer perfeito nasce tarde”. Por quê? Porque eles queriam pegar o bonde do marketplace, que estava muito em alta no momento, falou: “Cara, vocês vão nos ajudar a acelerar essa frente aqui”, e foi aí que a gente decidiu, (optou por vender a empresa à)  Magazine Luiza, e a gente passou a ser operação de marketplace (na) Magazine Luiza. Então a gente saiu de uma cultura de startup, pequena, lá no interior de Itajubá, (e veio compor) um grande varejista, para abrir as portas do marketplace dele para todo o mercado. 

Cássio: Se eu der um Google no IntegraCommerce, hoje, aqui, ele já te redireciona lá para o Magalu.

Rodrigo: Exato.

Cássio: Ainda tem ali alguma coisa do domínio IntegraCommerce, mas já dentro do Magalu. É curioso, não é? No passado deve ter sido um grande site ali, tudo.

Rodrigo: Sim.

Cássio: Com tudo que vocês criaram, e hoje é uma página de login, no Magalu. Muito curioso.

Rodrigo: (Exatamente).

Cássio: (inint).

Rodrigo: É, nesse momento deixou de existir o IntegraCommerce, e passou a ser o Marketplace Magalu.

Cássio: E você, nessa história? Você foi trabalhar então como executivo um executivo? Você vendeu toda a empresa? Você ficou acionista? Como é que foi?

Rodrigo: Toda a empresa. A gente vendeu toda a empresa. (E a gente passou).

Cássio: E aí você foi trabalhar lá?

Rodrigo: Exato. Aí na aquisição, tanto eu, (como meu sócio, fomos trabalhar, meus sócios) [00:11:19], fomos trabalhar na Magazine Luiza.

Cássio: Como funcionários? CLT?

Rodrigo: Isso. Como funcionários, CLT. Então a gente sai de uma cultura de startup para uma grande empresa de varejo, então, assim, tem muitas diferenças, porque falando de Magazine Luiza, lá tem valores culturais muito fortes. Eu lembro certinho lá, a proposta do Luiza Labs, se eu não me engano, se me recordo a memória, era construir algo relevante através da tecnologia. Cara, a proposta em si era muito motivador para a gente. 

Cássio: Bom, ali então você continuou executando parte do que você já fazia antes, imagino que com diferentes atribuições, não é?

Rodrigo: Exato. A gente saia de um hub de integrações para ser um marketplace, então teve todo o processo de mudança, de deixar de ser um hub e passa a ser a porta de entrada do marketplace da Magazine Luiza. 

Cássio: E quanto tempo durou isso? Porque eu imagino que existem diferenças, (e não sei se), claro, em alguns pontos para melhor, (outros) você estranha um pouco, porque muda a cultura, como você falou, de startup para uma grande corporação, e é natural, mas você já foi recompensado também por isso, não é?

Rodrigo: Exato.

Cássio: Você vendeu a empresa. Quanto tempo durou essa jornada e por que ela acabou? Por que você, em algum momento, sai dali e vai para Riachuelo?

Rodrigo: (Legal, vamos lá. Porque eu fiquei), basicamente, cumprindo essa jornada, dois anos e meio na Magazine Luiza, então todo o time que a gente tinha (da Integra) aqui, foi para lá, e nesses dois anos a gente modificou o Integra para ser a porta de entrada do Magazine Luiza, tanto que quando eu saí eu acho que a gente (já transacionava quase 2 Bi anual lá), então foi uma ascensão muito rápida do marketplace. Por que eu saí do Magazine Luiza? Quando você é dono de uma empresa você consegue direcionar, (e é muito fácil), você é dono, você vê para onde o mercado está indo, você consegue direcionar o seu produto do jeito que você quer. O Magazine Luiza, como eu já não era mais dono da empresa, eu era funcionário da empresa, a gente, eu, em si, eu via que minha missão ali já estava cumprida, entendeu? Marketplace estruturado, crescendo continuamente, falava: “Cara, legal, uma jornada bacana, mas eu quero mais, eu quero mais para minha carreira”, e foi aí que apareceu a Riachuelo, eles tinham ambições de futuramente também ser um marketplace, e acabou que eu, recebendo um convite para ir trabalhar lá na área (inint), eu aceitei, falei: “Cara, legal, eu acho que é um desafio novo, bacana, eu acho que respirar novos ares vai ser bom para mim e para minha carreira”, e foi aí que eu fui para a Riachuelo. Lá na Riachuelo, eu comecei basicamente (com um projeto de OMS corporativo), para você ter centralização de (pedido estoque), só que era muito projeto, e eu falei: “Cara, eu gosto de desenvolvimento de software, vamos montar um time para começar”, além de a gente dar continuidade ao projeto de (OMS) dentro da empresa, eu também dei início a criação do primeiro time da minha área de produto, então desenvolvimento de novos produtos, e foi aí que quando a gente teve uma entrega que a gente teve que fazer muito rápido, (que é o Riachuelo Mais), para inauguração da (Flag Ship), da loja do Morumbi, da Riachuelo, que a gente, usando algumas dinâmicas legais, (de aprendizado) dessa pequena jornada que eu tive, de startup, Magazine Luiza e tudo que eu aprendi nessa transição toda, a gente usando algumas dinâmicas a gente conseguiu conceder um produto legal em 30 dias, com poucas pessoas. Então o time que eu tinha, eram duas pessoas só, a gente montou esse produto e deixou disponível, é um produto de loja, tanto que ele não fica online, na época ele não ficava online, ele era só na loja, e a gente criou esse produto, disponibilizou ele lá, chama Riachuelo Mais, então nele você pode fazer personalização de camisetas, usando algumas imagens que a gente disponibiliza, textos, e você pode inclusive enviar sua imagem para lá, para você poder fazer uma camiseta customizada, e a partir daí a gente foi aumentando o time, (porque foi) um produto muito legal, que a gente fez muito rápido, e a partir dele vieram novos, e aí foi que nasceu a (Tribo de OmniChannel), que aí a gente começou a criar mais produtos. A gente tinha, assim, no total, a minha jornada foi chegar na Riachuelo, implantar (a recomendação do OMS), criar novos produtos, então veio Riachuelo Mais, em loja, na sequência veio (a AE Store, que parece que é prateleira infinita, em loja também). Com a pandemia, o time teve que criar uma solução rápida para ajudar o pessoal que teve contrato de trabalho suspenso, foi aí que nasceu (Sou Riach Lover), então na mesma pegada do Riachuelo Mais, a gente, em 17 dias, conseguiu conceder um produto rápido, que basicamente é o nosso programa de afiliados, que a pessoa vende produtos Riachuelo e é comissionada em cima dessas vendas dela, a gente criou um produto legal, com um propósito bacana de ajudar as pessoas. E também, para fechar a linha da (Tribo de Omni), Do Meu Jeito, que é a lista de presentes da Riachuelo. Então, assim, todo esse aprendizado, essa bagagem que eu trouxe desde a startup, aquisição do Magazine, todo esse aprendizado de dois anos e meio lá, ajudou a gente a conceder alguns novos produtos na Riachuelo, compondo assim (a Tribo de Omni). Como o pessoal viu com bons olhos todo esse trabalho que eu estava fazendo, eu assumi também a criação do marketplace, então o marketplace Riachuelo, (aqui a gente concebeu), em maio do ano passado, fruto dessas conquistas que eu consegui (em Omni), e antes de fazer essa entrega, no início do ano passado, eu assumi todo canal digital da Riachuelo, então site, app, e os produtos (de omni) , então foi uma jornada, assim, bastante intensa de aprendizado e execução, no dia a dia. E o que essas três experiências têm em comum? Seja no mundo startup, Luiza Labs, no meu caso, da aquisição pelo Magazine Luiza, eu fiquei alocado no Luiza Labs, então startup, Luiza Labs e Riachuelo, o que elas têm em comum é que a tecnologia é sempre o meio para se trazer valor para o cliente final, ela não é o fim.

Cássio: Sim. Agora, eu (anotei) umas palavras aqui, que você foi falando, nessa última experiência da Riachuelo, que me chamou a atenção também, porque você está falando, olha só, naturalmente foi falando: “Propósito. Tribo. Rapidez”, e algumas outras até mais específicas ali: “(Omni. Lover) ”.

Rodrigo: (Riach Lover) 

Cássio: É, mas eu peguei o final só, porque serve para outras empresas. (Riach Lover) é marca, não é? Mas quando você fala Lover, você pega isso em muita startup por aí. Isso é papo de startup, isso é vocabulário de startup, você não vê muito isso (em incubats), você vê isso muito em startup, todos esses nomes. Não que (as incubats) não possam usar, é óbvio que elas podem e estão usando cada vez mais, principalmente quando elas fazem o que a própria Magalu fez, que foi comprar uma startup, e a Magalu ainda é uma senhora de cabeça jovem, senhora de idade com cabeça jovem. Dizem que a idade está na mentalidade, na cabeça, e não na cronologia. Mas o ponto, para mim, é isso que eu queria que você falasse um pouquinho, é desse mundo que você vivenciou, e eu acho que aí é que está o grande barato dessa sua transição. Como é que é alguém que se modelou profissionalmente em startup, de repente cai no mundo de uma empresa grande? E tem a incumbência de colocar o ritmo e a mentalidade de empresa grande, não é? Porque me dá uma sensação assim, Rodrigo, que é mais ou menos como você voltar para a escola, sabe? Eu estou com mais de 40 já. Eu fico imaginando, assim, se me coloca, hoje, na sala de aula com os moleques de 15, sabe? Como é que seria isso, não é? E mais do que isso, eu ter que mudar a cultura, alguém mudar a cultura de alguém ali.

Rodrigo: Exato.

Cássio: E acho que você vivenciou um pouco isso, não é? Ou talvez o contrário, botar o moleque de 15 lá no escritório de direito.

Rodrigo: Exato.

Cássio: Seria talvez uma comparação melhor do que essa que eu falei. Como é que é esse choque cultural, de alguém, na prática? Isso dá até filme. Como é que é essa experiência? 

Rodrigo: Dá até filme. Teve dois momentos. Na mudança da startup para Magazine Luiza, assim, a gente sente menos por quê? Porque lá ele tinha o Luiza Labs, que é o laboratório de tecnologia do Magazine Luiza, que tinha uma vibe muito startup, uma pegada de: “Cara, vamos fazer rápido, testar (e validar hipótese) antes de a gente evoluir”, então ele já tinha uma pegada mais de startup, então o choque cultural foi menor, vamos dizer assim, mas tinha muita metodologia, então tinha muito aprendizado, nesse meio de tempo, que a gente teve que ir absorvendo para a gente manter o ritmo de entrega, convivência, entre as pessoas e os sistemas que lá estariam, porque comprar um sistema (e fazer com que você tem sistema, seja ligado ou não, funcionar) é um grande desafio. Então, assim, eu vejo dois momentos, esse momento que eu acho que foi mais tranquilo, até porque a gente foi muito bem recebido, muito bem tratado, então levaram em consideração, toda a cultura nossa de startup foi levada em consideração, na transformação, então foi natural, vamos dizer assim, foi natural essa migração nesse momento. Agora, a minha mudança do Luiza Labs para a Riachuelo, ela foi mais, vamos dizer assim, trabalhosa. Por quê? Porque a Riachuelo, quando eu entrei em 2019, era uma empresa mais tradicional, entendeu? O processo de transformação digital estava começando na empresa (ainda).

Cássio: Então, quando a gente fala assim de empresas que não tem muito essa cabeça, eu fico pensando, já teve um momento, Rodrigo, você deve ter visto isso, que algumas pessoas tinham até resistência. Algumas desconhecimento, outras até resistência, torciam o nariz, não sei se você vai concordar, ou quem está nos ouvindo vai concordar, que é difícil encontrar alguém hoje que tenha resistência, que fala assim: “Não, sou contra startup, sou contra cultura ágil, sou contra”. É difícil encontrar alguém que se posicione assim. A pessoa pode até pensar assim, mas ela dificilmente vai se posicionar com veemência, porque os resultados estão aí, pega mal até. Você vai se posicionar contra quem? Contra empresas que têm resultados, tipo o Nubank? É só você olhar os números das startups, você vai ver, elas crescem muito, elas dão muito resultado, então é meio que se posicionar contra números, contra fatos. Aí você fala: “Bom, algumas empresas acabam não aderindo ali talvez por cultura, porque elas estão acostumadas a fazer de outro jeito”, então você que chega e conhece as empresas que não aderiram, como é o sentimento? (É mais, assim) , a resistência está em quê? Em desconhecimento? Em medo do novo? Que cara tem essa resistência? 

Rodrigo: Eu acredito que a resistência seja, vamos dizer assim, experiência. Quando você tem uma experiência de startup, que você (vê, você) tem muita autonomia, você consegue fazer as coisas acontecerem com muita facilidade, e você está em um ambiente corporativo em que você tem que fazer diversos alinhamentos para fazer algo andar, então as pessoas acabam que não acreditam, então é muito associado com a experiência que a pessoa tem no momento, com a experiência que você teve na startup, então eu acho que para mim isso resumiria a experiência que cada um teve.

Cássio: É, faz todo sentido, Rodrigo. Acho que é bem por aí mesmo. E olha, muito bacana ter a sua visão aí dos dois mundos, porque são dois mundos bem complementares. Eu quero te agradecer muito aí por trazer a sua história. Você alcançou o que muita gente busca alcançar, muitos conseguem, mas a gente sabe que esses muitos que conseguem ainda sim são um grupo pequeno perto daqueles que não conseguem, que é fazer a startup dar certo. É mais ou menos como aquela história do jogador de futebol, não é, Rodrigo? A gente olha o Neymar, o Messi, o Cristiano Ronaldo, e fala: “Ser jogador de futebol é uma boa”, só que a gente não observa o volume de gente que tentou e não deu certo, e isso você vê quando você vai conversar com pessoas que fazem fundos de investimento em startup. A primeira orientação que ele te dá é assim: “Olha, invista ali em um volume grande de startups, porque você já parte do princípio que uma ou outra ali vai dar certo, e uma legião de startups vai fracassar, um número gigante vai fracassar, o que significa que a chance da sua startup falhar, afundar, é muito maior do que ela ter sucesso. Então, além de te agradecer, quero te parabenizar, porque você está ali em um grupo pequeno de pessoas que tiveram sucesso. Então parabéns e obrigado pelo papo hoje aqui, Rodrigo. 

Rodrigo: Eu que agradeço. 

Cássio: Muito bem. Estão vamos chegando aqui ao final do (Think Tech) de hoje. Sara, eu adorei a frase que o Rodrigo Carvalho, nosso convidado de hoje, da Riachuelo, reproduziu. Ele disse a seguinte frase que ele ouviu lá na negociação: “Quem espera para nascer perfeito nasce tarde”. Adorei essa frase, me fez refletir bem, porque essa é a mentalidade que as startups têm, mas o curioso é que essa mentalidade não vem de agora, não vem de hoje. Lá por 2004, 2005, eu tinha um chefe, um gestor, que me dizia sempre o seguinte: “É melhor errar rapidamente do que acertar lentamente”, não está longe do que o Rodrigo ouviu, só está em um outro contexto, ou seja, são conceitos antigos falados de maneiras diferentes, de maneiras novas, não é?

Sara: Pois é. O próprio conceito de startup não é tão novo assim, a palavra surgiu na década de 1970, no Estados Unidos, ela não era tão popular naquela época, só entrou em moda mais ou menos na década de 90, quando empresas como Apple e Google começaram a chamar a atenção na região do Vale do Silício, na Califórnia. Portanto, o conceito de startup já existe há mais ou menos 50 anos, ele apenas ganhou força mais recentemente. 

Cássio: Então, tem quem diga que as coisas, no geral, são cíclicas, elas vão e voltam, e você só acha que são coisas novas porque no ciclo anterior você não tinha nascido ainda, por isso que é bom estudar história que precedeu você. E por isso que também é bom apresentar um podcast com uma inteligência artificial ao seu lado, como é o caso da Sara, porque ela tem toda a história na ponta da língua digital dela. Então é isso aí, o Think Tech de hoje fica por aqui. Até a próxima.