Cássio: O Think Tech está no ar, meu nome é Cássio Politi e, junto com a Algar Tech, nós vamos embarcar nessa jornada de repensar possibilidades. No episódio de hoje, a gente faz uma imersão em tecnologia, inclusive, em internet das coisas, e, por falar em internet, quero trazer aqui para o palco do nosso podcast a Sara, nossa especialista virtual em negócios da Algar Tech, sempre comigo aqui, no podcast. Sara, o uso de IoT, que é a sigla em inglês para Internet das Coisas, vem ganhando força, mas deve crescer ainda, não é?
Sara: Sem dúvida, Cássio, em 2010, a Internet das Coisas já estava presente no mundo. Naquele ano, havia 800 milhões de objetos conectados à internet, a estimativa é de que, hoje, sejam mais de 16 bilhões, ou seja, 20 vezes mais do que em 2010, e a projeção é de 31 bilhões de objetos conectados até 2025.
Cássio: Ou seja, vai dobrar nos próximos três anos. Para o bate-papo de hoje, eu tenho a grande satisfação de receber o Rodrigo Rangel, que é head de TI corporativo para tecnologias digitais da Bosch. Não sei se precisa apresentar a Bosch, mas eu vou apresentar só para dar mais detalhes dessa empresa que é global, tem origem alemã, origem em Stuttgart, na Alemanha, tem mais de 130 anos de vida, e tem como lema algo parecido com o nosso lema aqui do podcast, eles falam que a Bosch gera tecnologia para a vida, a gente fala muito, aqui, de tecnologia como meio, e não como fim, acho que são lemas meio aliados, meio próximos. Tecnologia está no DNA da Bosch, são 400 mil colaboradores espalhados por vários países, tem plantas produtivas aqui no Brasil, na América do Sul também, e a Bosch, no final das contas, atua em três grandes segmentos, que são o automotivo, onde ela nasceu, bens industriais e bens de consumo, mas também vai avançando com a sua expertise para outros áreas como linha branca, segmento médico, e por aí vai. Rodrigo, grande prazer receber você aqui, obrigado por aceitar o convite para esse bate-papo de hoje.
Rodrigo Rangel: Eu que agradeço a oportunidade.
Cássio: Legal, Rodrigo, obrigado, mais uma vez. Eu fiz uma breve introdução da Bosch, que você vivencia todos os dias, e só pela apresentação dá para ver que é uma atuação muito ampla, eu imagino que em muitos casos seja até difícil enxergar até onde vão esses horizontes, porque a empresa é um organismo vivo, vai sempre surgindo coisas novas, ainda mais uma empresa que tem tecnologia no DNA, e que tem o porte e a atuação que a Bosch tem. Eu imagino que vocês atendam muitos clientes usando tecnologia, mas outros clientes dispensam um pouco a tecnologia, como aqueles que vão ser atendidos, por exemplo, pela rede de clientes, a rede de distribuição de vocês. É daí que vem a minha pergunta para a gente começar o papo aqui, qual é a participação da tecnologia nessas diferentes formas de interação?
Rodrigo Rangel: Bom, tecnologia está presente cada vez mais em todos os produtos da Bosch, a Bosch, desde muito tempo, quer conectar todos os produtos para produzir serviços cada vez mais interessantes, quando a gente pensa na linha automotiva, é lógico que algumas pessoas nem sabem que tem coisa da Bosch dentro do carro, mas a gente está lá, a gente está lá em componentes super importantes, e a gente também quer fazer com que a experiência seja cada vez melhor. Tecnologia para a vida é uma coisa que permeia todo mindset da Bosch em si, e quando a gente pensa nesses componentes, tem muita tecnologia embarcada, mesmo antigamente, antes da conectividade, a produção desse tipo de componente já envolvia muita tecnologia, nós temos máquinas que são ultra precisas, e que precisam ser, justamente porque alguns desses componentes garantem a segurança das pessoas dentro do veículo, quando a gente pensa em componentes do ciclo diesel, realmente existe toda uma preocupação em que tudo seja o mais seguro possível e, para isso, a precisão da usinagem, as tolerâncias de produção são sempre muito apertadas e, com isso, você precisa de muita qualidade e muita tecnologia. Mais recentemente, quando a gente começa a pensar em todos os outros espaços que a Bosch também começa a ocupar, existem várias iniciativas, a Bosch é um dos principais parceiros de várias empresas no desenvolvimento de direção autônoma, por exemplo, e lá é tecnologia pura, quando a gente pensa exatamente no número de sensores que a gente precisa para conseguir ir subindo dentro das classes da direção autônoma, porque você tem alguns conjuntos que permitem simplesmente a adaptação de velocidade ou a frenagem de emergência, mas você consegue ir subindo até chegar na direção autônoma mesmo, e todo esse monte de dados precisa ser tratado, então, tudo isso tem que estar conectado, de fato. Quando eu penso em tecnologia, eu não consigo pensar em dissociar isso mais da Bosch.
Cássio: Pois é, interessante você trazer isso, porque é fácil entender porque a precisão é tão importante em carros, e cada vez mais. Você usou uma palavra que eu quero pegar como gancho para te fazer outra pergunta, que é a conectividade, claro, como você falou, historicamente, nos seus mais de 100 anos, a Bosch deve sempre ter trabalhado com precisão, com aquilo a tecnologia do momento permitia, e agora a gente está em uma era que eu imagino que seja nova, se pensar uma linha do tempo de 130 anos, embora tivesse precisão, você não estava falando de objetos conectados, coisas conectadas, daí é fácil a gente cair na conversa de Internet das Coisas, o famoso IoT, presente em diversas indústrias. Na Bosch, como está sendo aplicada, ou aproveitada, essa tecnologia do IoT que é um dos elementos importantes da transformação digital?
Rodrigo Rangel: Temos várias frentes, é um assunto muito vasto, se a gente começar vai ser até difícil de terminar. Vamos começar da linha de produção mesmo, são exemplos mais fáceis, mais simples de a gente olhar, não só os dados sendo concentrados para rastreabilidade, para a gente conseguir controlar o fluxo de mercadoria dentro da produção, ou mesmo o uso de inteligência artificial para conseguir reconhecer peças, visualmente, que estão boas ou ruins, e conseguir fazer uma seleção automática e ter o rastreamento disso, a conectividade já existe, já é realidade em muitos lugares, o transporte interno, o fluxo de material dentro da fábrica, hoje em dia, já conta com alguns robôs autômatos que recebem as ordens, tem o planejamento e fazem os roteiros sozinhos, eles tem sensores para conseguirem andar sem precisar de um motorista dentro da fábrica. Tudo isso está sendo recolhido, a gente está conseguindo aprender cada vez mais, o objetivo é a gente começar a usar algoritmos de inteligência artificial também para a gente otimizar cargas e fluxos, para que tudo isso possa ser otimizado cada vez mais. Quando a gente pensa dentro dos produtos, existem desenvolvimentos, e aí eu sinto muito, mas não vou poder citar muito marcas e (onde a gente) [00:09:28] usando…
Cássio: Claro, fica à vontade.
Rodrigo Rangel: …mas existem desenvolvimentos que realmente querem aproveitar todos os dados do plantio e da colheita para conseguir oferecer mapas e informações de decisão para o agro. Tem muitas ideias que estão em curso, coisas que já são realidade, pelo menos em piloto, e coisas que estão vindo no pipeline que vão virar produto logo, logo.
Cássio: Você falou desses robôs se deslocando pela fábrica, eu queria entender a diferença do que isso é hoje, é uma pergunta de leigo, mas acho que 99% das pessoas que estão ouvindo a gente também são leigas, então, a pergunta serve aqui. Os robôs não são novidade, Rodrigo, dentro das fábricas, a gente vê isso a algumas décadas…
Rodrigo Rangel: Com certeza, exato.
Cássio: …e sempre é fascinante ver isso, você pega o filme do Chaplin, o Tempos Modernos, você vai vendo que aquilo que ele demonstrava ali, até com uma crítica da robotização do ser humano, no fim, acabou virando robô mesmo, mas, agora, me parece, pelo que você me falou, vai para um outro nível de desenvolvimento desses robôs quando (inint) [00:10:58] estão conectados. Muda muito a eficiência desses robôs a ponto de eles terem autonomia para tomar decisões, ou, até onde vai o novo robô, que é conectado, em comparação com o antigo robô, que era uma coisa mais mecânica?
Rodrigo Rangel: A gente tem que dividir um pouco a questão do nível da decisão, claro que um robô desses que está se deslocando sozinho dentro de um ambiente que é dinâmico, precisa tomar decisões com relação a se ele para, se ele anda, se ele vira, se ele manobra, esse nível de decisão já existe, isso faz parte do algoritmo que está exatamente nesse robô. Aliás, isso é uma coisa bem interessante, muitas vezes, a gente se acostumou, por causa da ficção científica, a imaginar robôs humanoides, e o carrinho é bem sem graça, ele é um carrinho fechado, é uma caixinha que anda sozinha, basicamente, é isso.
Cássio: A gente pensando no robô dos Jetsons, a empregada doméstica dos Jetsons, e não é isso, eu pensei mais, realmente, nos bracinhos trabalhando.
Rodrigo Rangel: Mas, de qualquer forma, esse nível de decisão é condição sine qua non para existir esse robô como algo funcional. Quando a gente começa a pensar em termos de tomada de decisão para a auto otimização, a gente ainda não chegou lá. Não é uma fronteira totalmente impensável, mas a gente realmente está bem longe disso, o que a gente tem são algoritmos de otimização das missões, ou do carregamento da bateria. Existem estratégias para você conseguir fazer tomada de decisão onde você não precisa mais de alguém tomando essa decisão, e sim os algoritmos que a gente desenhou tomando essas decisões. Quando as missões estão programadas, ele pode simplesmente decidir que o robô A vai para carga, enquanto o robô B faz a outra missão, justamente para otimizar o tempo de utilização do robô em si, mas isso não é no nível do robô, é no nível da programação das missões.
Cássio: Entendi, é uma decisão que se (situação A) [00:13:32], ele toma a decisão X, situação B, acho que a inteligência vai por aí. E você falou também da direção autônoma, acho que isso é tão fascinante quanto os robôs, claro, a mídia explora sempre aquilo que dá errado, me dá uma impressão, e eu sendo uma pessoa de mídia, mas me dá uma impressão que a mídia torce para dar errado sempre, para ganhar cliques, óbvio, estou aqui generalizando, é sempre muito perigoso generalizar, existem mídias e mídias, existe a mídia especializada, mas onde eu quero chegar é, outra coisa que fascina, a gente viu muitas tentativas de carros autônomos e sempre com a decisão de que ainda não estamos no momento de colocar na rua, a gente viu que acontecia um ou outro acidente, é disso que eu estou falando, a mídia destaca muito esses acidentes, mas eu não quero ficar falando do que deu errado, eu queria entender o que já deu certo, da parte de vocês, até onde vocês, como Bosch, conseguem ir, o que já está resolvido em relação à direção autônoma? Nos últimos anos, com experiências e desenvolvimento tecnológico, já se resolveu, Rodrigo?
Rodrigo Rangel: Eu vou ser muito sincero, eu não sou a pessoa mais qualificada para falar de tudo em termos de direção autônoma, a gente tem uma divisão inteira da Bosch que é só focada na mobilidade, e dentro da mobilidade, ou melhor, a gente tem várias divisões na mobilidade, dentro da mobilidade a gente tem uma divisão que é focada em toda a questão de computadores a bordo, e como a gente está usando esse monte de dado que a gente está gerando dentro do veículo, mas, uma discussão que ainda está pouco madura para a gente conseguir chegar lá e usar de maneira tranquila a tecnologia que já existe, é legislação. A gente precisa de uma regulamentação mais clara com relação à questão da direção autônoma, existem dilemas que parecem bobos, mas que são fundamentais, se um carro é autônomo, eu posso colocar meu filho dentro do carro e mandar ele para a escola? Sozinho? Quando acontece um acidente, vai se determinar a culpa, isso volta para o fabricante? Volta para o componente que falhou? Como a gente vai tratar esse tipo de coisa? Essas são fronteiras que não dependem da tecnologia, mas que precisam ser resolvidas antes de a gente confortavelmente falar de como tudo isso vai acontecer de verdade. Mas, em termos de tecnologia, a Bosch já tem assistentes de estacionamento que podem ser instalados em complexos de estacionamento, onde você pode simplesmente deixar o carro na portaria, entrar, e o carro vai procurar a vaga dele, ele estaciona, você chama no celular, ele volta. Isso não é fantasia, isso já existe lá na Alemanha, a gente tem essa tecnologia implementada para demonstração em alguns lugares na Alemanha. É lógico que não dá para colocar esse tipo de tecnologia em todos os lugares, você tem soluções e soluções, a gente tem outros desenvolvimentos para tentar atingir mais segmentos de carros, os carros da linha S, da Mercedes, se eu não me engano, são os que estão vindo equipados com esse tipo de tecnologia hoje em dia. Aqui no Brasil a gente está bem longe disso, não só por conta das questões de legislação, mas também por outras barreiras, mesmo a questão do valor desse tipo de componente, como o mercado efetivamente reage a esse tipo de coisa. Mas, como eu disse, eu não sou realmente a pessoa mais qualificada para trazer esse tipo de discussão, a gente tem vários especialistas na Bosch, mesmo aqui no Brasil, que estão já mexendo com cada vez mais tecnologia, que começa a ser entregue também aqui no Brasil, mas quando a gente pensa no valet park, no automate valet, a gente está falando de carros, e construções, e ecossistemas que estão existindo só em alguns outros lugares, por enquanto.
Cássio: Rodrigo, avisa aí na Bosch que eles podem trazer a tecnologia, porque minha mulher gosta de ir no shopping no sábado…
Rodrigo Rangel: Seria ótimo, não é?
Cássio: Eu pagaria caro por essa tecnologia de deixar o carro estacionar, procurar sozinho, porque você sabe como é, sábado, às vezes, você fica mais tempo procurando uma vaga do que andando no shopping. Mas é muito interessante, embora você não seja o grande expert, você já trouxe informações valiosas. Inclusive, essa questão da legislação, tem uma questão ética também.
Rodrigo Rangel: Sim.
Cássio: Eu não sei se isso vem da indústria ou se isso está no entorno da indústria, essa discussão ética, se são, por exemplo, pessoas que adoram tecnologia, acabam discutindo, mas eu já ouvi uma discussão ética, não sei se você já discutiu, mas é assim, se o carro está ali, entre ele, alguma coisa desse tipo, tem a possibilidade de atropelar uma pessoa ou a outra, ou bater, que decisão ele toma, como está programado, ele bate e mata quem está dentro, ou ele atropela a mãe com o filho que está na calçada? É uma decisão que a gente toma, quando a gente está no volante, sem saber como, então tem até essas discussões éticas, não é?
Rodrigo Rangel: Tem, e no fim das contas, é lógico que sempre a decisão vai ser preservar a vida, mas tem limites, tudo tem limite, e quando a gente analisa os acidentes mais recentes, que foram reportados, na análise, normalmente a gente vê que existe sempre um componente onde não houve uma possibilidade de evitar o que aconteceu. Por conta disso, essa questão da legislação acaba sendo o crucial, porque isso pode acabar norteando, inclusive, que tipo de modelagem vai ter que ser feito, por causa de como a legislação vai tratar.
Cássio: Deixa eu explorar um outro ponto, a gente falou bastante de carros, o setor automotivo, que é onde a Bosch tem origem, mas, na minha própria apresentação eu citei que vocês já começaram a migrar, ou atuar, não digo migrar, mas atuar também na linha branca. Só para o pessoal que não está familiarizado, linha branca é tudo aquilo que você tem na sua cozinha que é branco.
Rodrigo Rangel: Que foi branco, na verdade, agora é inox.
Cássio: Que foi branco. Geladeira, fogão, tudo aquilo que, talvez, uns 15 anos atrás fosse branco, mas, são esses eletrodomésticos de um determinado perfil. Me parece que já tem, pelo menos fora do país, vocês já tem algumas iniciativas interessantes nesse sentido, de usar a tecnologia, até a inteligência artificial, o IoT, nesse mundo também.
Rodrigo Rangel: Isso é uma coisa importante. Aqui no Brasil, a gente não tem mais a posição da linha branca, já faz bastante tempo, mas no exterior a BSH é bastante forte e, sim, existem vários produtos que já contam com algumas integrações, e tem alguns serviços de mercado que já exploram um pouco essas integrações. Mas a gente está falando só do exterior, aqui no Brasil, a gente, infelizmente, não tem nada. Na Europa, existem vários desenvolvimentos que a BSH está fazendo ainda, mas a questão de você conseguir usar, por exemplo, um forno que é programável para conseguir fazer a melhor cocção do seu alimento segundo uma receita, com uma curva de temperatura, isso já é realidade, você tem integração com um serviço onde você pede os ingredientes para um X número de pessoas, então, ele tem um cardápio com algumas receitas, você vai lá, ele escolhe uma determinada receita, diz o número de pessoas e eles entregam isso na sua casa, todos os ingredientes, para que você possa preparar, e toda a programação do forno e todos os tempos já acontecem a partir do aplicativo mesmo.
Cássio: Ele faz o pedido de compras também, é isso?
Rodrigo Rangel: A startup que eu conheci, isso em 2019, já tem um tempo, ela efetivamente fazia isso, ela te dava as receitas, sei lá, eu quero fazer saltimbocca romana mais uma carne para oito pessoas. Eu seleciono as receitas, coloco oito pessoas, os ingredientes vão ser entregues na sua casa, na quantidade para que você consiga servir exatamente esse número de pessoas, e a programação dos utensílios vai acontecer para que você consiga fazer a cocção da maneira correta, então, você vai seguindo a receita de acordo com aquilo que foi entregue, vai cozinhando, coloca dentro do forno, o forno está programado, ele faz o trabalho dele, e no horário específico você consegue tirar e servir.
Cássio: Que beleza. Eu também vou precisar de um desses, na hora que sair, se chegar ao Brasil. E tem, também, coisas nessa linha, ligadas a bicicleta, a Bosch também está ligada.
Rodrigo Rangel: Bike é uma coisa muito forte, na verdade, bike é desses exemplos muito interessantes onde o ecossistema é um modelo de negócio tão interessante quanto o próprio negócio em si, porque você consegue (inint) [00:24:41] muita coisa quando você pensa em bicicleta, principalmente quando você pensa na eletrificação, porque daí você consegue propor roteiros mais interessantes, mesmo que a pessoa não tenha condicionamento para conseguir fazer um percurso tão longo, ou coisa do tipo, porque ela tem assistência. A assistência de uma bicicleta elétrica varia de acordo com o seu controle, você pode ter mais assistência em subidas, por exemplo, e você tem componentes regenerativos, etc., e o navegador para te ajudar, principalmente na Europa, onde ciclovias são uma coisa quase exigida pela população, você tem um mapeamento muito bom e você consegue realmente montar roteiros muito interessantes, por exemplo, até para férias, existem pessoas que se planejam efetivamente para isso, para sair de uma cidade até uma outra, passando em alguns outros lugares, pedalando, às vezes, 30, 40 quilômetros por dia, e fazendo um roteiro que te permita conciliar as duas coisas, você está pedalando durante um tempo, você para, conhece a cidade, tem um pernoite, etc., e você continua depois, e realmente você consegue fazer roteiros muito longos de bicicleta, diferente da nossa realidade, infelizmente, no Brasil, onde a disputa da bicicleta com o trânsito acaba acontecendo na mesma via, muitas vezes.
Cássio: Pois é, você vai para a Alemanha, Berlim, por exemplo, que eu conheço, não é só uma questão cultural de ter a ciclovia, é o respeito que existe pela bicicleta, parece que os carros entenderam, os motoristas de carro entenderam que a bicicleta é o lado mais frágil e tem prioridade, eu lembro que eu estava pedalando como turista, e uma hora fechava, tinha uma obra na ciclovia, a gente tinha que passar para estrada, você vai com todo aquele cuidado, pensando “o carro vai disputar comigo”, quando eu olhei, o carro já tinha parado 50 metros para trás, porque ele já anteviu que ia ter esse desvio, mas, ainda assim, são coisas que podem chegar em algum momento para a gente aqui, não é, Rodrigo? Veja se eu estou certo, pelo histórico, e eu não estou pedindo, aqui, nenhuma previsão como Bosch, mas na tecnologia em geral, pelo histórico, a gente vê que começa no lugar mais propício, daqui a pouco aquilo ganha escala para partir para o mundo, toda essa tecnologia pode, talvez, seguir esse princípio. E, de novo, não estou pedindo nenhuma projeção sua para os produtos da Bosch.
Rodrigo Rangel: Como desejo, eu posso dizer que sim, mas tem um detalhe interessante, na Alemanha, boa parte dos motoristas também são ciclistas, e isso faz com que esse respeito aconteça de maneira quase automática, porque a pessoa se vê exatamente no outro papel também. Sim, faço votos que a gente receba, que o mercado efetivamente evolua, que a gente tenha condições de usar mais bicicletas e tecnologia aqui no Brasil.
Cássio: Tomara. Rodrigo, muito bom conversar com você, quero te agradecer muito por esse papo, por trazer exemplos tão interessantes e que toda mundo gosta de conhecer, gosta de ouvir, em todos os aspectos, tanto dos bastidores da Bosch quanto naquilo que impacta nossa vida, muito legal ficar familiarizado com o que está vindo por aí, o que as empresas estão buscando trazer de novidade para melhorar a vida de todo mundo por meio da tecnologia. Então, obrigado por bater esse papo hoje, as portas estão sempre abertas para você, volte mais vezes, obrigado, Rodrigo.
Rodrigo Rangel: Muito obrigado, foi um prazer, no fim das contas, eu acho que a mensagem é um pouco essa, Bosch está aí para produzir tecnologia para a vida. Obrigado.
Cássio: Muito bem, vamos chegando ao final do Think Tech de hoje, Sara, você é toda conectada, você vive no mundo da conexão, da internet, você deve concordar comigo que isso é muito bom. Eu, particularmente, não vejo a hora de me conectar mais do que eu já estou conectado com as coisas ao meu redor. Sara, eu fico pensando aqui, será que vai demorar muito para eu vir para o estúdio gravar o podcast em um carro sem motorista?
Sara: Olha, Cássio, ninguém sabe ao certo quanto tempo vai levar para isso acontecer, mas não tenha dúvida de que os carros autônomos estão se desenvolvendo, a cada ano, a indústria dos carros sem motorista cresce 16%, e o índice de acidentes que você mencionou no podcast, é baixo, foram registrados apenas nove acidentes a cada um milhão de experimentos. Uma curiosidade para fechar, o conceito de carro autônomo não é de hoje, o primeiro projeto nesse sentido foi apresentado na feira de automóveis de Nova York em 1939.
Cássio: Sara, esse dado é mais um daqueles exemplos de coisas que foram concebidas lá atrás, na teoria, mas, na época, faltava tecnologia para a ideia ser executada, muito legal. É isso, o Think Tech de hoje fica por aqui, até a próxima.